quinta-feira, 4 de novembro de 2010

TORRE DE MONCORVO - 1915

Já em Abril de 1915, o administrador Júlio Madeira se queixava ao governo de que todos os géneros estão subindo loucamente de preços, sem a menor atenção pelo pobre trabalhador. E acrescentava que estas altas contínuas não são devidas ao comércio daqui; são sim dos grandes armazéns do Porto. E apresentava um exemplo: - O preço do açúcar que regula entre $60 e $65 cada kilo!!! Em Coimbra e outras localidades está a vender-se à razão de $37, $38. E concluía, sentenciando: - Vejo e sinto que o povo não poderá suportar muito tempo a situação angustiosa em que se encontra.

Ao entrar a Primavera de 1916, a situação alimentar no concelho de Torre de Moncorvo era extremamente complicada. À excepção do azeite, faltavam todos os outros géneros de primeira necessidade, muito especialmente centeio, trigo e batatas. Faltam quase absolutamente, sendo necessário importar: trigo – 12 vagões; centeio – 20 vagões: batata – 150 000 a 200 000 kg – escrevia o administrador em 24 de Março.
Face a esta situação de crise, a câmara municipal decidiu tomar as medidas que achou convenientes. A contrapor à subida galopante dos preços dos bens de primeira necessidade, decretou o congelamento dos mesmos. E porque haveria produtores e comerciantes que tinham em seu poder algumas quantidades desses bens e procuravam logicamente vendê-los a quem melhor os pagasse, decidiu proibir a saída dos mesmos para fora do concelho, sem prévia autorização da autoridade administrativa, que passaria a necessária guia.

Excerto do livro HISTÓRIA POLÍTICA DE TORRE DE MONCORVO 1890 – 1926 , de António Júlio Andrade

Âncora Editora ( com o apoio da Câmara Municipal de Torre de Moncorvo)

Nota: à venda em Moncorvo e nas principais livrarias do país.

4 comentários:

  1. Onde é que eu já ouvi esta história dos preços a subir?

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  2. Já li o livro de fio a pavio e gosto de o ver no blog.Obrigado senhor António Júlio Andrade, pela bela lição de história.Devia de ser obrigatório para todos que concorrem a um lugar público em Torre de Moncorvo.

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  3. Andamos para trás com uma pinta.Isto também é história.
    "Promovido pela Associação Nacional de Criadores de Ovinos da Raça Churra Badana decorreu, no domingo passado, em Macedo de Cavaleiros...
    O solar da raça foi, durante muitos anos, o concelho de Torre de Moncorvo. Os solos fracos e a inerente qualidade dos pastos, associada à topografia do terreno, eram os aspectos que influenciavam a escolha dos animais daquela raça, menos corpulenta e menos exigente em termos de pastagens. Porém, por ironia das vicissitudes, hoje a raça está mais implantada nos concelhos de Macedo de Cavaleiros, Mogadouro e Vimioso"

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  4. História Política de Torre de Moncorvo 1890-1926” nova obra de António Júlio Andrade

    Na tarde de Sábado, o Presidente da Câmara Municipal de Torre de Moncorvo, Aires Ferreira deu início as celebrações referindo que o Centenário da República foi “este ano comemorado com duas sessões simples mas que as duas publicações apresentadas vão contribuir para a história do concelho e vão ficar para sempre associadas ao Centenário da República”, refere o autarca.
    “Este é um livro que foca uma época que geralmente é pouco estudado. O centenário da República despoletou todo um estudo que não existia”, acredita Aires Ferreira.
    A apresentação do livro “História Política de Torre de Moncorvo 1890-1926”, da autoria de António Júlio Andrade esteve a cargo de Rogério Rodrigues que explica que este livro “ é a história da sociedade e da vida política de Moncorvo, desde 1890, ainda com os dois partidos monárquicos, até 1926, com a queda da 1ª Republica. O António Júlio teve muita capacidade de consultar jornais e cartas da época, foram ainda fornecidas bastantes fotografias. É um trabalho constante”, argumenta Rogério Rodrigues.
    António Júlio assegurou que esta obra nasce pelo amor que sente pela sua terra. “Desde há dezenas de anos que ando a juntar coisas da minha terra. Agora nasce este livro. Os materiais é como ferro-velho. A grande parte dos documentos foram encontrados na lixeira, já que as pessoas quando mudavam de casa atiravam os papeis para a Rua. Um papel aqui outro acolá é assim que se guardam as memórias”, salienta António Júlio.
    No mesmo dia foi ainda apresentado um novo número da Revista Colégio Campos Monteiro, nesta edição sobre Ensino e República.
    TERRA QUENTE

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