sexta-feira, 19 de abril de 2013

CARVIÇAIS - POR ONZE CASTANHAS

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Postado em 17/05/12

25 comentários:

  1. Belo conto baseado em factos reais.No tempo da outra senhora, diziam que os portugueses eram os homens mais altos do mundo.A policia disparava para o ar e acertava-lhes.Afinal a história já vem de traz.

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  2. Onde posso comprar o livro?Já comprei o do senhor António Júlio.Gostei muito.

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  3. Obrigada, Lelo, por te postado este pequeníssimo conto. É muito breve, tal como é breve o apontamento de Justiniano Castro na sua fantástica "Caderneta de Lembranças".
    Esse apontamento (9 palavras) encerra toda a imensa tragédia da pobreza extrema.
    Quando escrevi o conto, a minha intenção foi dar vida às personagens que viveram o infausto acontecimento. Foi trazer aos olhos do leitor a miséria em que então se vivia: o camponês não tinha qualquer apoio social, nem subsídio de doença, nem para si nem para os filhos. Reforma? Nem sabiam o que isso era...
    Se chovia e se tornava impossível trabalhar , não podia dar de comer aos filhos. Se fosse roubar umas batatas ou umas castanhas podia ser morto pelo feitor de arma na mão.
    Alguns leitores dizem-me que é um "conto de denùncia" das condições de vida de então; outros acham que é uma "canção em louvor" desses heróis desconhecidos que viveram e morreram a trabalhar a terra e mirrados pela fome centenar.
    Cada leitor fará a sua própria leitura.
    Também agradeço ao Lelo as fotografias que inseriu no texto : 11 castanhas num pequeno cesto e debaixo do castanheiro a fartura de castanhas e ouriços. O texto ficou mais rico.

    Para responder ao nosso Anónimo, dir-lhe-ei que talvez a Biblioteca de Moncorvo ainda tenha alguns exemplares deste livrinho.

    Um grande abraço
    Júlia

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  4. Abençoada CADERNETA que tais filhos deu!Ainda haverá familia em Carviçais?

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  5. Abençoada caderneta que devia ser publicada para que todos os moncorvenses e todos os habitantes das freguesias, aldeias e lugares do Concelho de Moncorvo a pudessem ter e ler e deixar aos filhos e netos.
    Esta ideia valerá alguma coisa?

    Mais um que veio pr'as Lisbias a tentar ganhar a vida.
    Zé de Felgueiras

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  6. Rogerio Rodrigues disse:

    Não há nenhuma vida que valha apenas onze castanhas. Se há história (para cúmulo assente em facto real) que destrua todas as mentiras dos
    'brandos costumes' e da hipocrisia actual do apelo à pena ( mais do que à condenação) da pobreza é esta história. Que eu muito gostaria deter escrito, mesmo sabendo que nunca a escreveria tão bem como a Júlia.
    Como os nossos jovens poderão compreender que uma mulher com fome,mais os seus quatro filhos, pode ser assassinada por recolher,mais do que roubar, onze castanhas?
    Que dor! Mas que indignação! E ainda há quem tenha saudades ou tente esquecer os tempos da infâmia?
    Quero confessar que é dos textos que mais me tem provocado a necessidade do aprofundamento da cidadania, minha e dos outros. Não me
    conformo com o tempo em que uma mulher do meu povo possa ser morta por apanhar onze castanhas para dar de comer aos filhos.
    Lembrem-se da história, mais que não seja à hora do pequeno almoço.
    Não me conformo.

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  7. Também eu não me conformo.E faço minhas as palavras da Júlia e do Rogério,porque não encontro as próprias para exprimir tanta revolta.

    Uma moncorvense

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  8. ...contou-me a minha mãe e confirmam os mais velhos da aldeia, que na altura andava ela grávida de mim e ao passar por uma figueira, não levou um tiro no ouvido, como a pobre da Maria Balbina de Carviçais, por ter colhido um figo mas pagou 50 escudos,(uma fortuna naquele tempo) pelo dito que, segundo ela nem o chegou a comer...

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  9. É Domingo e tenho aqui o meu neto com o computador.
    Eu pensava que tinha todos os livros de contos da Dra. Julinha, mas não tenho este. Vou ver se o consigo. Este conto fez-me chorar de dor e de raiva e mais ainda por ser verdadeiro. Era assim a penúria de tudo para os pobres e a fome era negra. No inferno arda quem trouxe e continua a trazer a miséria ao povo trabalhador. Bem haja o Dr. Rogério pelas suas palavras contra tanta infâmia : precisamos de milhares e milhares de homens desta força para arrasar com tudo o que está mal. Obrigada ao Sr. Lelo do Sr Brito por um trabalho tão esmerado.

    Maria Augusta, do Prado de baixo.

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  10. "No inferno arda quem trouxe e continua a trazer a miséria ao povo trabalhador",diz a dona Maria Augusta.A sorte deles e a nossa pena é não haver inferno.

    Maneldabila

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  11. Antigamente por uma dúzia de castanha ou uns figos levava-se um tiro. Hoje roubam-se milhões e passeiam-se por aí todos engravatados e em altas máquinas. C´est lá vie.

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  12. C'est la vie? C'est la falta de vergonha e de justiça capaz, que os meta a todos na cadeia. Mas a trabalhar no duro e não com computadores e televisão , visitas dos amigalhaços, cama de massagens e comidinha do restaurante. Ai, que se eu mandasse ... Cala-te boca.
    Olá, Maneldabila: também já não vou nessa do inferno.

    Uma Mogadourense indignada.

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  13. Imagino este conto , a ilustrar pequenos sacos para embrulhar castanhas. A dúzia com apenas 11.A última, o conto, o cartucho .Faz bem à memória! Acorda-a. Farrapos da transmontaneidade.
    M.C.

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  14. Excelente ideia a de M.C.Por que não pô-la em prática?

    Maneldabila

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  15. Na vida há muitos corifeus,quais lobos vestidos com pele de cordeiro!Para se fazer um agiota explorador,sem escrúpulos e repleto de malvadez,não olham a meios para explorar milhares de seres humanos que não tem outro modo de sobrevivência a não ser o seu trabalho honrado.

    Conheci alguns que ca..vam na palavra por cinco tostões.Outros e continuam a existir sem réstea de humanismo e de solidariedade para com o seu semelhante. Mas também e continuará a haver homens pobres, cuja palavra é uma escritura e não se vergam a arrogâncias de farronca. Ai daquela que lhas fizer! Hverá de pagá-las com lìngua de palmo e também com a mercadoria roubada.
    A historia, triste das onze castanhas fez -me lembrar a Morte de Catarina de Baleizão..Andava grávida.Protestou para que lhe pagassem mais uns tostões para, com a apanha da fava e da fome alimentar mais um que transportava nos braços.
    Vejamos o que nos conta José Miguel Tarquini:

    " Chamava-se catarina
    O Alentejo a viu nascer
    Serranos viram -na em vida
    Baleizão a viu morrer"

    E como a mataram? "Catarina tinha 26 anos; Carmona visitava -a aos fins de semana (...) as coisa tinham chegado a extremos incríveis. Agora,era preciso andar a mendigar trabalho. Os camponeses eram ameaçados de serem substituídos por outros, se não dessem mais rendimento".
    Catarina, com o filho nos braços, atravessou o primeiro sulco que tinha trabalhado há cinco dias. E continuou a a caminhar,tropeçando na terra irregular e áspera.Deu mais alguns passos e parou em frente do tenente e da metralhadora. Este tenente era o Carrajola, o matador!

    Antes de lhe desferir os três tiros que roubaram a vida a Catarina, esta lhe atirou:
    " Em vez das pancadas de um cobarde,prefiro a cobardia de um tiro.."
    E o panorama seguinte presenta -se tal como Tarquini o descreveu:de boca para baixo,no sulco que a viu nascer, trabalhar e morrer, estava Catarina. Três círculos vermelhos nas costas e a boca cheia de terra,entre as duas mãos abertas e inúteis de mãe. Em frente do corpo,as botas altas e negras de Carrajola.
    Entre castanhas e favas há uma ligação muito estreita. E por tão pouco se ceifaram vidas na flor da idade. São as grandezas e as misérias deste mundo em que Pintos e proletários tem destinos e sortes tão diferentes e sofridas.

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  16. Olá Julinha!
    Sem palavras para exprimir a minha indignação!
    Nesse tempo,que espero e desejo não se volte a repetir,a vida de uma Mulher valia menos que Onze castanhas...
    Obrigada Sr. Lelo por nos dar a conhecer tamanha "monstruosidade",e
    PARABÉNS à autora,a nossa sempre querida Julinha.
    Com um beijinho da
    Ireninha

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  17. Olá Artur Salgado!
    Peço descupa à autora,mas o seu comentário menino,ou melhor,"rapazinho"
    do Felgar está...O menino escreve ,e escreve muito bem...
    Nós os Transmontanos somos imbatíveis!
    Com amizade
    Ireninha

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  18. Olá, Julinha!
    Uma história, mais uma vez, muito bem contada;e verdadeira! o que só por si é encantador.Pena é que o tempo, a organização das sociedades, permita que estas calamidades possam acontecer.Mas aconteceram, é verdade! E NÓS, perante estas e outras, dormimos o nosso sono tranquilo,porque nos acomodamos...É de lamentar que estas e outras atrocidades semelhantes, possam acontecer.
    Como é possível!
    Claro, todos os comentários são pertinentes.
    Felizmente, não assisti a esta crueldade.
    Fui abençoada pelos Pais que tive, e pela terra que me viu crescer.Os nossos castanheiros da serra abriam-se nos caminhos, para quem os queria comer!
    Um abraço de muita amizade, para todos
    E vamos ser, nós, pessoas melhores, pessoas inteiras! por tudo e por todos!
    TININHA

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  19. Pobres mães que morreram para matar a maldita fome dos seus filhos..quantas catarinas, e quantas castanhas ainda precisarão de ser roubadas para que a justiça social seja reposta neste pequenino Portugal que sempre pariu filhos nobres e capazes de infrentar as mais difíceis batalhas e sobreviver...?!

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  20. Ai,Ai! E pensar que todos nós pensámos e acreditámos em sociedades mais justas, com igualdade na distribuição da riqueza; pnsámos e desejámos.
    Livra-te da ocasião, que eu te livrarei do ladrão.
    Invente-se uma máqina do dinheiro, mas que não nos leve o espírito bom e puro com que viémos ao mundo.

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  21. DAS ONZE CASTANHAS À RAPAZIADA DA ASSEMBLEIA

    PARASITAS!

    OBRIGATÓRIO REENCAMINHAR...

    DEPUTADOS C/ Sub NATAL e FÉRIAS em 2012

    Ora toma lá que é democrático!!
    Até quando vai este povo amouchar como um burro que, como dizia Guerra Junqueiro, "já nem com as orelhas consegue enxotar as moscas" ??

    Saiu o Orçamento para a Assembleia da República e eles lá estão: o Subsídio de Férias e de Natal. Claro que já sabemos que estes políticos são super-portugueses, aos quais não se aplicam as leis aplicáveis à populaça... mas não haverá um mínimo de decoro?!
    Para quem pense que se trata de uma fotomontagem, tomem lá um segundo link, para o próprio Diário da República, para que não hajam dúvidas.
    Indignem-se!!!
    Deputados e funcionários da Assembleia da República contemplados com subsídios de férias e de natal em 2012 no orçamento APROVADO por TODOS os partidos. À semelhança do que foi justificado para a TAP PORTUGAL, também agora devem vir informar que havia perigo de fuga destes “cérebros” todos para o estrangeiro...

    DIVULGUEM A TODOS OS VOSSOS CONTACTOS OS SACRIFÍCIOS DE QUEM NOS GOVERNA, DA EXTREMA ESQUERDA À DIREITA...SEM EXCEPÇÃO

    VERGONHOSO

    http://educar.wordpress.com/2011/10/18/na-assembleia-da-republica-nao-ha-cortes-nos-subsidios/


    http://dre.pt/pdf1sdip/2011/10/20000/0465804667.pdf

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  22. Vergonhoso! Pois claro!
    E pensar que vivemos em democracia, em meritocracia e tantas, tantas palavras ocas.Vergonhosoda com o prório significado, ain!
    A.A.

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  23. Isto nao e nada..será possível crescer se nao houver emprego?como e que vão estes senhores repor tudo o que tiraram se nao criarem condições para os jovens trabalharem..eles nao terão vergonha na cara?eles saberão o que e ter um irmão, um filho, um sobrinho desempregado?eles saberão o que e precisarem de 5 euros por dia para comer e dar de comer aos filhos e nao ter donde lhe vir?.. Porque nao há empregos ...!oh senhores génios da política mudem de rumo ...mudem de rumo..mudem de rumo ...ou então temos o caldo entornado.

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  24. Quando impera a miséria, o desnorte faz carreira e, à compita, miséria, definhamento e tonalidades trágicas tomam conta do cenário e de quem não pode ou não quer sair dali, ninguém sai bem mas quem fica sempre pior é quem está na mó de baixo.
    A dureza, apanágio das nossas gentes e lugares, pode ter bom ou mau uso e tal como a faca ou a enxada, espreita por que é transportada nos ingredientes que compõem o baluarte de quem resiste e, nos momentos pouco certos ou demasiado concentrados, ora se defende ora ataca. Pobre de quem se cruza com o destempero num momento terrível.
    O «manso cordeiro» é ainda hoje muitas vezes imolado só por pisar ligeiramente o risco, quando não se vê criado para isso.
    O risco é definido por quem pode e quer fazê-lo.
    A arte, nas suas variadas formas, dá-nos, em matéria trágica, um pouco de paz. E, para alguns, a religiosidade também faz bem esse papel.
    Carlos Sambade

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  25. Nao tarda com a merda dos políticos que temos e teremos todos que andar a roubar castanhas.... Cada um organiza a sua vida o melhor que pode..e Portugal empobrece.. São todos a mamar.. Estes políticos da merda, deviam encosta los a uma parede e dar lhe duas lambadas..ponham os neuroneos a funcionar e governem que é para isso que são pagos.. A roubar nos vencimentos e a aumentar os impostos nao é o caminho..e se querem que lhes diga para isso até um burro servia..mas peço desculpa ao burro.

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