domingo, 30 de outubro de 2011

Porta do Castelo - 2008 vs 2011

( Ano de 2011)
(Ano de 2008)
Porta da Vila de Torre de Moncorvo - o resultado, depois de alguns restauros e pintura,  que faz a diferença entre o ano de 2008 e o ano de 2011.

Reunião clandestina guardada pela PSP, por Júlia Ribeiro

 Após o meu estágio pedagógico, vim viver para Leiria – e dar aulas no Liceu – em Outubro de 1970. Por essa altura , em Lisboa, um grupo de professores eventuais e provisórios (não ganhavam em férias, o tempo de serviço não contava para a reforma e não tinham vínculo ao Estado, quer dizer, podiam não ser reconduzidos no ano seguinte) organizaram-se em grupo de reivindicação sócio-profissional. Rapidamente, o grupo se alargou a todo o país e, em 72/73, já era o Grupos de Estudos do Pessoal Docente do Ensino Secundário (GPs / GEPDES) . Formaram-se em seguida grupos de trabalho e luta-se pelo pagamento dos meses de férias (Agosto e Setembro), luta-se pelo vínculo ao Ministério da Educação, e luta-se sobretudo por uma Associação dos Professores forte e coesa bem como pela melhoria do ensino. Em Julho de 73 aparece o 1º número da nossa revista “O Professor”. Aqui a abertura do ministro Veiga Simão fez marcha-atrás e, como é obvio, as perseguições aos GPs e à revista tornaram-se mais ameaçadoras.
Leiria, mais ou menos no centro geográfico do país, era um bom ponto de runião. Mas a minha casa, ainda que numa avenida pouco movimentada, tinha um inconveniente: numa ponta da avenida ficava o quartel da GNR e na outra ponta a esquadra da PSP. O meu marido achou que até podíamos tirar partido da situação. As reuniões, a nível nacional, de uma dezena de pessoas vindas do norte, do sul e do centro , eram apenas duas, quando muito, três no ano. Procederíamos normalmente como se de uma festa de aniversário se tratasse . E assim fizemos. O meu marido foi para a rua, para alertar a malta caso fosse necessário. Os miúdos foram para a casa dos vizinhos a ver o Bonanza (nós não tínhamos televisão) . Cá fora tudo a postos.
Os meus colegas de Lisboa, Faro, Porto, etc. haviam estacionado os carros num pequeno largo ao lado da minha casa. Eram uns seis ou sete automóveis e, eventualmente, seria a única coisa que denunciaria algo de menos comum.
Lá dentro, tudo a postos. Uma dúzia de pessoas, com papéis nas mãos prontos para analisarmos, discutirmos e decidirmos o que fazer nas escolas. Mas, note-se, havia também um bolo de anos ali à mão de semear. Sobre a mesa uma toalha bonita e toca de trabalhar. A certa altura, alguém olhou por trás da cortina de uma janela e disse baixinho : “Júlia, o teu marido está a falar com um polícia”. Rapidamente, os papéis sumiram debaixo da toalha, o champanhe foi aberto, o bolo colocado no meio da mesa, velinhas acesas, todos em pé, eu a chamar : “Vem, vamos cantar os parabéns” . E o meu marido: “Mas ainda faltam duas pessoas”. “Paciência” . Ele, já a entrar, de porta escancarada, convidando o sub-chefe da Polícia: “Faça favor, entre. Venha comer uma fatia de bolo”. “Ora essa, Senhor Doutor. Muitas felicidades ao aniversariante”. “Obrigado. Olhe, então se o casal que ainda não chegou, for estacionar em frente da esquadra, arranjam-lhe lá um lugarzinho? ” . “Claro que sim, fique descansado”. E nós, nesse interim, cantávamos em altas vozes para o sub-chefe da Polícia ouvir : “Hoje é dia de festa , cantam as nossas almas... “

Leiria, 16 de Setº.de 2011
Júlia Ribeiro

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Festival de Gastronomia do Douro

Numa organização conjunta da Entidade Regional do Turismo do Douro, Câmara Municipal de Lamego, Câmara Municipal de Vila Real, Câmara Municipal do Peso da Régua, AE.HTDOURO (Associação de Empresários), Turismo de Portugal – Escola de Douro – Lamego, Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Lamego (IPV) e com o apoio dos Municípios da CIMDOURO, Confraria do Espumante e Caves da Raposeira, decorre a partir de 28 de Outubro e até 11 de Dezembro de 2011, a 3ª edição do Festival de Gastronomia do Douro.

O 3º Festival de Gastronomia do Douro está apoiado pelo programa da “Douro Emoções” das três cidades, Lamego, Vila Real e Peso da Régua e pelo Turismo de Portugal.
Durante 45 dias, cerca de três dezenas de Restaurantes/Hotéis dos 19 Concelhos abrangidos pela zona de intervenção da Turismo do Douro estarão envolvidos nesta iniciativa que pretende dar a conhecer a “Gastronomia Duriense”.
O 3º Festival de Gastronomia do Douro é realizado nos espaços dos restaurantes, hotéis/restaurantes e adegas típicas.
A organização vai destacar um conjunto de eventos temáticos que dinamizarão o 3º Festival de Gastronomia do Douro.
- “Sabores e Aromas do Douro” de 28 de Outubro a 1 de Novembro (Lamego, Vila Real Tarouca, Peso da Régua, Armamar, Tabuaço, Mesão Frio)
- “Pelas Terras da Castanha” de 10 a 13 de Novembro (Moimenta da Beira, Penedono, Sernancelhe e S. João da Pesqueira)
- “Sabores do Douro Superior” de 30 de Novembro a 4 de Dezembro (Carrazeda de Ansiães, Torre de Moncorvo, Freixo de Espada à Cinta e Vila Nova de Foz Côa)
- “Paladares nas Terras de Torga” de 7 a 11 de Dezembro (Vila Real, Stª Marta de Penaguião, Sabrosa, Alijó e Murça)

Ver mais em:
http://antoniobarrosoportugal.blogspot.com/2011/10/numa-organizacao-conjunta-da-entidade.html

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

domingo, 23 de outubro de 2011

Autarcas do Douro Superior reclamam recuperação da linha ferroviária do Sabor

O presidente da Associação de Municípios do Douro Superior (AMDS) defendeu hoje a reativação da linha ferroviária do Sabor, para servir a região e permitir a ligação às minas de ferro de Moncorvo.

Autarcas do Douro Superior reclamam recuperação da linha ferroviária do Sabor
Sou da opinião que devem ser repropostos os carris no canal da antiga via férrea do Sabor", desativada no final dos anos de 1980, num momento em que "se verifica um aumento sistemáticos dos combustíveis e as via rápidas que ligam ao Litoral têm de ser pagas".
A isso se soma as negociações do Estado português com investidores australianos nas minas de ferro do Carvalhal, Torre de Moncorvo, que constitui "uma oportunidade única para toda a região nordestina, que temos de saber agarrar", disse o autarca, numa posição que é também suportada pelo empresário Henrique Neto, há muito um defensor da ferrovia
"Se o governo está a negociar o investimento, é irreversível que tenha de haver uma linha de caminho de ferro. Quem a paga - se é o investidor, se é o Estado - não faço ideia, agora que tem de haver caminho-de-ferro, sobre isso não há duvida", acrescentou
O empresário Henrique Neto não tem dúvidas que esse investimento "obriga" à existência de uma linha de comboios porque "uma mina como essa não vai funcionar sem um caminho-de-ferro até um porto"
Por seu turno, o presidente da AMDS, que agrega os concelhos de Mogadouro, Freixo de Espada à Cinta, Torre de Moncorvo e Vila Nova de Foz Côa, sustenta que "o caminho-de-ferro é um elemento estratégico para a promoção económica do Interior não para o transporte de mercadorias, mas também uma como forma de potenciar o turismo na região".
 O também autarca prefere que o transporte de minério seja feito pela ferrovia, permitindo a reabertura da via, mesmo que sejam necessários alguns investimentos para resolver os problemas: Se somos capazes de furar montanhas, por que não ativar de novo o total ou parte do traçado da via férrea que ligava o Pocinho a Miranda do Douro e que atravessava os concelhos de Moncorvo, Freixo de Espada e Mogadouro?"
A linha do Sabor fazia a ligação entre a estação do Pocinho (Vila Nova de Foz Côa) a Duas Igrejas (Miranda do Douro).
Fonte : LUSA - Agência de Notícias de Portugal
Fotografias: arquivo do blogue

Rio Sabor, a Ponte da Portela,a Cheia (1961) e a taberna do Lino

Fotografia cedida pelo  N.M.F.D.S.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

PADRE VICTOR


Mais em:
http://padrevictorsilva.blogspot.com/2011/10/o-mundo-digital.html?spref=fb
http://www.padrevictor.com/
http://www.padrevictorsilva.blogspot.com/

ESCAPARATE ( L) - ROTEIRO ARTESÃO PORTUGUÊS

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Paginação: Luís Teixeira

Moncorvo - Justa Homenagem



Teve lugar, no passado dia 15, a justa homenagem prestada aos Senhores Professores Maria da Assunção  Carqueja e Adriano Vasco Rodrigues ,levada a bom cabo pelo CEPIHS e pela Câmara Municipal de Moncorvo. Louvável iniciativa da dra.Adília Fernandes e preciosa colaboração da dra Helena Pontes e equipa da Biblioteca.
Ver as fotografías do evento em: https://picasaweb.google.com/101274915670259241376/HOMENAGEM?authuser=0&feat=directlink

Video e fotografías enviados pelos serviços da Biblioteca Municipal de Moncorvo

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Açoreira - Escola Primária












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Esta é uma das escolas do concelho, que se encontra fechada. Por aqui passaram muitos alunos, aqui aprenderam a ler e a escrever. Hoje guardam boas recordações desse tempo. 

VELHO DO ASYLO

FELGAR - GRUPO DE AMIGOS (1981)

Foto enviada por Luís F.Santos

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

MONCORVO - A PRAÇA EM 1977

ESCAPARATE ( XLIX) - BRAGANÇA Roteiros Republicanos





















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                                                                                    Paginação: Luis Teixeira

sábado, 15 de outubro de 2011

MONCORVO - A ESCOLA FOI AO TEATRO


No âmbito da disciplina de Português, “O Texto Dramático”, os alunos do 8º ano da Escola Dr. Ramiro Salgado, do Agrupamento de Escolas Visconde Vila Maior, foram ao Teatro.
O Alma de Ferro – Grupo de Teatro apresentou, excepcionalmente, a peça de Almeida Garrett, “Falar a verdade a mentir”, na passada quarta-feira, por volta das 14h30, no Celeiro (Torre de Moncorvo).
Mais uma grande iniciativa que juntou várias idades, no mesmo espaço e na “mesma época”!

Alma de Ferro – Grupo de Teatro

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

CONTRA A CRISE

Venda de garagem em Macedo de Cavaleiros

Uma venda de garagem poderia não parecer o conceito mais promissor na nossa região, mas em Macedo de Cavaleiros a ideia vai vingando. A decorrer na Cozifácil (junto da praça das Eiras, em Macedo de Cavaleiros), o evento, que deveria ter terminado no final do mês de Agosto, vai, afinal, prolongar-se até ao Natal.
A confirmação acontece numa altura em que mesmo as pessoas que inicialmente se mostraram relutantes face à ideia acabaram por render-se às vantagens do conceito. Um conceito inovador, popularizado nos Estados Unidos e assim designado por consistir da venda de objectos que já não se usam ou não se necessitam por motivos de ordem diversa e que habitualmente se guardam na garagem ou no sótão. Por serem usados ou considerados como tal, os preços de venda são muito reduzidos, podendo a desvalorização das peças chegar aos 70 ou 80% do seu custo.
O princípio na base deste conceito é bem conhecido e tornou-se na máxima que fundamenta a crescente aposta na compra de artigos em segunda mão: “one man’s trash is another man’s treasure”. Ou seja, O “lixo” de um homem pode ser o “tesouro” de outro. Tudo depende das necessidades, gostos e conveniências em cada momento.
Esta venda em particular está restrita à decoração, tendo por lá passado já centenas de objectos, desde candeeiros e quadros, a pequenas peças de mobiliários, mas também peças de artesanato, peças decorativas, serviços de chá e algumas antiguidades.

Virginia Do Carmo

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

ASAS À IMAGINAÇÃO ,por Júlia Ribeiro

Mais uma estória do  Camané

Vamos dar a palavra ao Camané para nos apresentar o seu professor de Desenho:

“Vi-o em Alfândega da Fé, o homem que foi Governador Civil de Bragança, Deputado da Nação e Professor de Desenho. Não sei se teve outras actividades nem sei o que faz neste momento. Foi meu professor de desenho e é nessa qualidade que gostaria de falar dele pois, no pouco tempo em que me ensinou essa bela arte, fez de mim o grande artista que agora sou, com ideias brilhantes e bem fundamentadas. Portanto, estou profundamente grato ao meu professor de desenho que, em tempos idos, passou pela Escola Secundária de Moncorvo “ .
Feita, na 1ª pessoa, a apresentação do Professor de Desenho do Camané, comecemos a estória.
O ano lectivo já ia algo adiantado – as aulas haviam começado há dois meses - quando entrou na sala uma figura assaz interessante: cerca de metro e meio de altivez, queixo erguido e barba aparada, vestimenta de alegre colorido e cachimbo à Sherlock Holmes.
Os garotos, entre os 13 e os 14 anos, já uns pequenos gabirus, trocaram olhares desconfiados, como que interrogando-se: “Quem será esta avis rara? “.
Era Dezembro de um inverno mais frio do que o habitual, a sala estava gelada, pois as janelas ficavam abertas durante os intervalos. O Sherlock Holmes teve de tirar o cachimbo da boca, porque começou a espirrar de tal modo que até o casaco de xadrez se ia descosendo nas costuras. Entre os espirros, demasiado sonoros para aquele arcaboiço franzino, o homenzinho disse:
“Sou o vosso professor de Desenho” e ordenou : “Fechem a merda das janelas. Temos de ...atchim!...”
“Santinho!” disse uma das miúdas baixinho,
“Temos de começar a trabalhar já, porque o tempo é escasso, atchim... “ .
“Santinho!” disseram três ou quatro garotas.
“ Mas que porra, já me constipei. Esta maldita terra é fria pra burro... atchim...”
“Santinho!” agora o coro já tinha vozes masculinas.
“A sala nem aquecimento tem ... Onde eu vim parar ... aaatchim ... aaaatchim ... “
“ Santiiiinho!” disse a turma com compostura.
“Estão feitas as apresentações. Para a semana... aaatch ... (desta vez atalhou o espirro com um lenço enorme e assoou-se ruidosamente) ... começamos as aulas. Podem sair . Aaaaatchim” .
“Santiiiiinho”, berraram os ganapos em coro e correram para o recreio, jogar a bola para aquecer.
Na semana seguinte o professor não apareceu. Mandou atestado médico por um mês, pois a maldita gripe era daquelas de durar o inverno inteiro.
“Quem nos disse do atestado foi a namorada dele, também professora na Escola e na nossa turma “, explicou o Camané.
Mas era um tanto estranho que aos fins de semana lhe passasse a constipação e viesse para Moncorvo, para casa da namorada.
As miúdas diziam que vinha para ela o tratar: “Vocês são todos uns más-línguas. Ela prepara-lhe tisanas caseiras para lhe baixar a febre e até lhe massaja os pés.”
“Massaja-lhe os pés, porquê?”
“Ora, porque alivia as dores”.
“Ih, que cheiro a chulé” .
“Como é que sabeis isso tudo?”
“Ora, as coisas sabem-se, não é?”.
Na verdade, a professorinha lastimava-se: “Quando ele está doente, eu também fico. Fico tensa, preocupada, procuro mil e uma hipóteses de cura nos livros, saco dos xaropes homeopáticos, das mezinhas caseiras, dos Ben-u-Rons e afins. Coitadinho, lá está agora com 39º C, deitado na cama, com uma toalha morna a passear pela testa, axilas e virilhas, a aguardar que o Brufen faça efeito. E à laia do melhor bálsamo, massajo-lhe os pés, finjo estremecimentos terríficos e tapo o nariz . Ele desmancha-se em gargalhadas que, a mim, galinha preocupada, me sabem a mel. Já li algures que o riso aumenta a capacidade de defesa do sistema imunitário ... beijinhos e amor a rodos também. Amanhã, logo se verá...”
Era o que dizia a professorinha, bela curandeira, aos colegas que lhe perguntavam pelo seu triste amado. O amanhã durou dois meses.


Quando, após tantas massagens, cuidados e carinhos, o Sherlock regressou, era quase Carnaval .
“Vamos trabalhar que o tempo é de ouro. Vão fazer um desenho: o tema é livre. Quero saber como é o vosso traço” .
Foi tudo o que disse. A turma ficou a olhar para ele com ar de espanto.
“Então, não me ouviram? TEMA LIVRE. Dêem asas à vossa imaginação" . E, no seu porte altivo, o metro e meio de gente, pendurado no seu cachimbo, pô-se a caminhar por entre as carteiras.
“Setôr, já fiz o que pediu “ disse o Camané , volvidos que eram 4 ou 5 minutos .
“Tão rápido?”
“Dei asas à imaginação, Setôr” e entregou-lhe a folha A4.
Na folha estavam desenhadas duas belas asas em voo livre e por baixo delas, também em letras muito bem desenhadas, a palavra: IMAGINAÇÃO . Como obra de arte que se preza, ostentava no canto inferior direito a que viria a ser assinatura famosa: Carlos Ricardo.
O professor pegou no papel, olhou-o, tirou o cachimbo da boca e disse: “Vem comigo”.
Levou o artista ao Conselho Directivo. Pelo corredor fora, aquele aluno de mente brilhante e imaginação alada, ia pensando no elogio que iria receber pela sua obra-prima. Talvez até recebesse um prémio. Chegados ao Conselho directivo, o dez reis de gente disse: “Venho participar deste aluno, pelo seu atrevimento, que ronda a má educação e o descaramento. Na sala de aula esteve a gozar comigo e com o trabalho” .
O Camané, naquele seu jeito meio brincalhão, mas no fundo muito sério , diz ainda um tanto inconformado: “ O Sherlockezinho participou e o meu sonhado prémio foi um processo disciplinar por ter dado asas à imaginação “.
Um mês depois este professor de Desenho teve assento na Assembleia da República como Deputado. Mais tarde foi Governador Civil .

PS – Remate da contadora da estória: é desta massa que tantíssimos dos nossos governantes se fazem.

Leiria 10 de Outº de 2011

Júlia Ribeiro

sábado, 8 de outubro de 2011

Jantar de Finalistas do 4.º B de Torre de Moncorvo (2010/2011)

Alunos e Professor da Turma do 4.º B, em jantar de Finalistas do 1.º Ciclo de Torre de Moncorvo - Ano Lectivo 2010/2011.

Nota: Fotografia em grupo, no blogue "O Cantinho do Jorge", em: http://cantinhodojorge.blogspot.com/2011/10/finalistas-da-turma-do-4-b-do-1-ciclo.html

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

TORRE DE MONCORVO - HOMENAGEM

   
 Ver:
             http://lelodemoncorvo.blogspot.com/2011/01/torre-de-moncorvo-escaparate-i.html
             http://lelodemoncorvo.blogspot.com/2011/05/de-cabinda-ao-namibe-apresentacao-em.html
             http://lelodemoncorvo.blogspot.com/2011/03/de-cabinda-ao-namibe-memorias-de-angola_30.html

Pequenas Memórias - ““As minhas férias grandes” ”(XV), por Júlia Ribeiro

“Grande é a poesia, a bondade e as danças ... Mas o melhor do mundo são as crianças “

Fernando Pessoa

Já aqui contei uma redacção do meu filho sobre as bebidas alcoólicas. O garoto era um perigo quando, nas redacções, desatava a falar sobre a família.

  Quando os meus filhos eram pequenitos, em férias fazíamos campismo. Para os miúdos era saudável e para a bolsa também, pois era a forma mais barata de passarmos todos juntos o mês de Agosto no Algarve. Há cerca de 40 anos ainda não existiam cartões de crédito, nem telemóveis, nem fax e, ou se levava dinheiro vivo para férias, o que não era aconselhável, ou se levava a Caderneta de Aforros dos CTT. Optávamos sempre pela Caderneta dos Correios, que permitia o levantamento diário de 500 escudos.
Quando chegou o dia 31 de Agosto, toca de levantar com o nascer do sol, arrumar tudo, colocar os garotos ainda de pijama a dormir no carro e, antes das 8 horas da manhã estávamos à porta dos Correios de Quarteira ( então uma aldeia de pescadores lindíssima, hoje um mostrengo de feiura ) , para sermos os primeiros a ser atendidos. Queríamos evitar o calor da travessia do Alentejo que, nesse tempo, não era tão fácil como hoje. Lá estávamos, pois, à porta dos Correios de Quarteira. Mas surgiu um problema : a Caderneta de Aforro tinha esgotado as páginas para se proceder ao levantamento de 500$00 e ninguém tinha notado . Resumindo: não se podia levantar dinheiro. A solução era telefonar para os Correios Centrais de Lisboa e pedir autorização ao Sr. Director dos Fundos de Aforro, que permitisse um levantamento naquela situação. Fizeram-se dezenas de telefonemas, mas o Sr. Director só chegou ao seu gabinete pelo meio dia e só atendeu o telefone pelo meio dia e meia hora. Já nem queria atender, pois era hora do almoço. Aliás, só atendeu, porque o meu marido, já alterado, lhe disse que era advogado e tinha a mulher e dois filhos pequenos no carro. Ele deve ter pressentido uma ameaça velada. Mas não sabia como reolver o problema. O meu marido indicou-lhe a solução, que era muito simples e que já havia dito centos de vezes à menina funcionária: que agrafasse na Caderneta uma folhinha timbrada dos Correios , declarasse que fora feito um levantamento de 500$00 naquele dia e assinasse, carimbando . Mas ela recusara terminantemente fazer tal coisa. Nunca vira fazer e não iria fazer, porque tinha medo de perder o lugar.
Agora escutem como o meu filho interpretou a situação e o que escreveu na redacção sobre as suas férias grandes. É muito mais pequena do que as explicações que atrás tive de dar, para que a redacção do miúdo se tornasse compreensível.
As minhas férias grandes foram muito boas: andei sempre na praia e no mar a brincar com a minha irmã e com outros amigos .... (........) . O pior foi no último dia, quando o meu pai viu que não tinha dinheiro nenhum. Foi aos Correios telefonar para os amigos, mas nenhum lhe emprestou dinheiro. Depois, nós já tínhamos fome e a minha mãe deu-nos um iogurte. Mas continuávamos com fome. O meu pai vinha falar com a minha mãe ao carro e disse que nem tinhamos dinheiro para a gasolina. Estava tão zangado que até chamou cabrão a um amigo. Então, muito triste, sentou-se num degrau da porta dos correios à espera que alguém lhe desse dinheiro. Mas ninguém lho dava. Era já quase uma hora da tarde quando um amigo teve pena de nós e lhe deu dinheiro para a gasolina e para almoçarmos. Chegámos a casa à hora do jantar.

Leiria, 14 de Setembro de 2011

Júlia Ribeiro

TORRE DE MONCORVO - 1958

Fotografia do doutor Santos Júnior

DOURO - PAGAMENTO DA JORNA


Vindimas
O pagamento de uma jorna era o momento mais desejado por todos os que tinham trabalhado na colheita das uvas. É mais um registo fotográfico de Emílio Biel captado no Douro, no final do séc. XIX. Para além do valor documental, apreciem o enquadramento estético da imagem.
Nota do editor:fotografia e texto cedidos por Lusa Trilogia.Visitem (obrigatório) a sua página no facebook e partilhem com os vossos amigos:

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Pequenas Memórias “OS IVÕES ”(XIV), por Júlia Ribeiro

“Grande é a poesia, a bondade e as danças ... Mas o melhor do mundo são as crianças “

Fernando Pessoa


Quando estive como Directora da Escola do Magistério Primário de Leiria , recebi inúmeras queixas de várias professoras das Escolas Primárias Anexas, a propósito de faltas às aulas e de faltas de educação sempre do mesmo aluno.

Fui ver o que se passava. O aluno em causa tinha 13 anos, frequentava a escola há 7 e estava na 3ª classe, empurrado por todos os professores, desejosos de levar o aluno a completar a 4ª classe, pois ainda lhe faltava um ano para os 14 e nunca mais se viam livres dele. O garoto já tinha passado pela mão de todos eles. (Não era permitido aos alunos abandonarem o Ensino Primário antes dos 14 anos completos).
Miúdos das Escolas Anexas.
O garoto dos ivões - quase 14 anos -  é o matulão lá ao fundo.
Chamou-se o aluno - era já um matulão - e eu comecei a conversar com ele. Perguntei-lhe se sabia ler . Com uma postura de quem é dono do mundo, respondeu : “Claro que sei ler” . “ E escrever?” “Também sei. Quando tiver 18 anos tiro a carta e vou guiar camiões”. “Muito bem. E contas ? Os camionistas precisam de saber fazer contas muito bem” . “As contas... nas contas ... tenho algumas dificuldades” . “Sabes, na Escola do Magistério há uma professora de Matemática que ensina muito bem. Mesmo quem não sabe nada de contas, com ela bastam uns minutos e fica a saber. Vamos tratar desse assunto, OK?” Todo lampeiro, respondeu-me com outro “OK” .
As 4 ou 5 professoras presentes, e até as 2 funcionárias, estavam espantadas com uma tão longa conversa. Combinou-se a hora para o dia seguinte e o rapaz lá apareceu.
A professora perguntou-lhe : “Então, qual é a tua maior dificuldade nas contas ? “. “ A maior? A mais ... mais grande?” . “Sim, essa mesma” . “A mais grande... é nos ivões” . “Nos ivões?” “Sim, nos ivões” . “ Vais ver que isso é muito fácil. Vou escrever aqui no quadro uma continha, muito pequenina, e tu apontas os ivões, está bem?” “ O K “ . (Eu estava caladinha que nem um rato, à espera do que dali iria sair) .
A professora escreveu 3 9 6 X 5 , obviamente colocando o 5 por baixo do 6 e o sinal X por baixo do 9. O garoto começou a fazer a multiplicação e emperrou depois de dizer: “ 5 vezes 6 são 30 e vão 3 “ . Olhando para nós com ar desolado e simultaneamente furioso , quase gritou: “E agora não sei mais. Não sei o que se faz com os ivões.”
Daí a uns minutos estava a fazer contas certas.
Por vergonha, nunca tinha mencionado os “ivões” a nenhuma das professoras das Anexas.

Leiria, 5 de Setembro de 2011,
Júlia Ribeiro

Trás os Montes no Porto - SABORICCIA













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Loja de produtos regionais (Trás-os-Montes ) da família Armando Salgado,produtora do famoso queijo de ovelha curado(Quinta Dr. Ramiro Salgado ,no Carvalhal Moncorvo),SABORICCIA está localizada na Rua Costa Cabral, nº493,Porto,e ,devido ao êxito desta experiência ,vai abrir em breve nova loja na Nª.Sª da Luz,Foz do Douro.

MADEIRA - COLONIA E VILÕES

domingo, 2 de outubro de 2011

BINGO - Distracções do Camané, por Júlia Ribeiro

O GRUPO DESPORTIVO DE MONCORVO (G.D.M.) , diz-nos o Camané, viveu sempre da carolice e da boa vontade das pessoas da vila, o que é normal em todas as colectividades amadoras. E o Camané sabe do que fala.
 Nos meses de Julho e de Agosto, o G.D.M. organizava jogos de Bingo no Jardim, antigamente chamado “Praça Nova” e hoje apelidado de “Jardim Dr. Horácio de Sousa”. O pessoal acorria como se de uma festa se tratasse. Vinham pessoas de todas as aldeias e até de outros concelhos, como de Mogadouro, Alfândega-da-Fé, Foz Côa, Vila Flor... O espaço do Jardim era pequeno para tanta gente! Todos queriam jogar no Bingo. E não era caso para menos, porque os prémios chegaram a alcançar uma boa quantia. Uma noite o prémio chegou aos 130.000$00 , ou seja, CENTO E TRINTA CONTOS! Era dinheiro! Era mesmo muito dinheiro!

Bar do GDM em 2007
A organização do jogo, a impressão dos boletins, a contagem dos boletins vendidos e dos não vendidos, a contagem dos boletins premiados e dos não premiados, a contagem do dinheiro entrado, o apuramento do montante do prémio e da percentagem para o G.D.M. , tudo tinha de bater certo. E batia . Ali, no vinte.
Havia ainda que estar atento ao andamento do jogo, dar a palavra de ordem: “Siga a Marinha” ao cantador do jogo, porque este não podia esmorecer e muito menos parar. Não se podia perder tempo, pois tempo é dinheiro e, neste caso, era mesmo dinheiro.
Mas tudo isto implicava muito trabalho e os seis elementos da direcção do G.D.M. eram poucos para tanta mão d’obra e muito poucos para tantas contas de cabeça e de papel e lápis.
No final de uma noite de grande afluência de jogadores, havia só que contar e guardar o dinheiro.
O Camané conta-nos: “Estávamos já todos extremamente cansados. Eu peguei nos boletins não vendidos e coloquei-os sobre a mesa, pensando que eram as notas. Peguei nas notas, rasguei-as e deitei-as ao caixote do lixo”.
Então, os seis amigos aproveitaram o seu momento de descanso, puxaram cadeiras, sentaram-se, esticaram as pernas e abriram umas cervejolas que nem houvera tempo de beber. Enquanto matavam a sede, o rapaz encarregado da limpeza foi despejar o lixo.
“Foi uma noite e peras, pá!” disse oTó Carvalho. “Foi uma noite boa, lá isso foi”, acrescentou oVenâncio. “Mas onde está o dinheiro?” perguntou o Sílvio Carvalho. “Em cima da mesa” , disse o Camané. “Em cima da mesa estão os boletins não vendidos” , replicou o Acácio Fernandes. “Qual quê? Eu mesmo pus aí o dinheiro”, reafirmou o Camané. Levantou os boletins sobrantes e, não querendo acreditar nos seus olhos, correu ao cesto dos papéis . O susto transformou-se em pânico: o cesto estava vazio. “Os papéis que estavam no cesto?” gritou o Camané. “Fui despejá-los no contentor” , foi a resposta do rapaz.
Correram todos ao contentor e aí, à mistura com cascas de melão, de melancia, folhas de couve e outros restos e porcarias tais que não se podiam cheirar nem se podem descrever, andaram à cata dos bocados das notas, tristes despojos da receita do Bingo dessa grande noite.
Recolhidos os pedaços das fedorentas notas, acompanhados de “Chiça, porra, as minhas mãos tresandam a tomates podres” (era o Tó Pires a barafustar) , foram logo pela manhã levá-los ao BNU. Alguém do Banco teve de construir o puzzle malcheiroso para saber a quantia exacta que ali estava. No final do dia o G.D.M. recebeu cerca de 20.000$00 em notas novinhas. Ah! Até cheiravam a máquina!

 Leiria 30 de Setº de 2011

Júlia Ribeiro 

TORRE DE MONCORVO - GRUPO DE AMIGOS (I)












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Fotografias enviadas por António Manuel Martins Santos

sábado, 1 de outubro de 2011

“Grandes Memórias”, por Júlia Ribeiro


Ando eu aqui a espremer a memória para de lá ainda tirar alguma lembradura com graça, que faça a malta rir – ou, pelo menos, sorrir - neste tempo de crise, e afinal as “Efemérides” que o nosso Amigo A.J.Andrade anda afanosamente a pesquisar, e que tanto trabalho lhe dão, apresentam-nos cenas de partir o coco a rir.
Vejam só este naco de prosa :
“25.09.1838 – Correspondência de Bragança publicada no jornal “O Eco” narrando uma cena de pancadaria entre dois padres, na igreja, mesmo no altar, à frente do povo. Foi mais um episódio do “cisma dos mónicos”. (EFEMÉRIDES)
(Sabem o que foi o “cisma dos mónicos” ? Eu também não, mas não faz mal. A cena deve ter começado mais ou menos assim) :
1º Padre - Seu mónico dos infernos. Eu racho-te já essa cabeça de judeu agiota. (Puxa um castiçal do altar e avança com ele na mão) .
2º Padre ( puxando o outro castiçal e enfrentando o adversário) - Judeu é você, seu miserável, seu mulherengo... que nem a tonsura merece . Toma, que é para aprenderes.
1º Padre - Ai, ai ! Este filho duma puta, que me partiu um braço... Meu Deus , perdoai-me, mas ele é mesmo filho duma...
2º- O quê? A insultar a minha santa mãe ! Agora é que eu te mato e te esfolo vivo.
(Esgrimem com os castiçais).
1ª- Beata (aos gritos) - Apartem-nos, por amor de Deus.
2ª- Beata : Acudam, que eles matam-se...
3ª- Beata : Pela Virgem Maria, apartem-nos ...
Sacristão – Sr. Cura, Sr. Cónego, estamos na Igreja, Deus está a ver-nos a todos . Ai! Este cabrão rachou-me a testa ....... etc, etc.
Imaginem o resto...
E agora imaginem que a seguinte lei de 1892:
“25.09.1892 – Nesta altura discutia-se no Parlamento uma lei apresentada por Dias Ferreira no sentido de ser retirado o ordenado aos deputados, lei que foi mesmo aprovada e vigorou enquanto aquele governo mandou. É bom lembrar que na época, também na Inglaterra, na Espanha e na Itália, os deputados trabalhavam por amor à política, sem ordenado” .
entrava em vigor como lei nos tempos que correm.
Como reagiriam os Srs. Deputados ao facto de lhes ser tirado o ordenado ? E à ideia de trabalharem por amor à política?
Acreditam que hoje ainda teríamos deputados? Ou antes: ainda haveria deputados?

Leiria, 27 de Setº de 2011

Júlia Ribeiro

BARRAGEM DO SABOR