terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Trás os Montes - Efemérides (01/01)

 01.01.569 – Datam desta época as notícias escritas mais antigas sobre terras trasmontanas, nomeadamente as Terras de Ledra e de Panoias. São documentos do concílio de Lugo.
Santuário de Panóias
01.01.1735 – Seguindo “um costume antiquíssimo”, procedeu-se na praça pública da vila de Moncorvo à arrematação das rendas municipais e que eram as seguintes: forno de Maçores – arrematado por 50 000 réis/ano; Urros – 81 000; Açoreira – 55 000; Felgueiras – 61 000; C. Mouro – 12 600; Larinho – 35 000; Vila, rua Detrás – 46 000; Vila – Seixo – 20 000 Vila – Corredoura – 13 000; Souto da Velha – 20 000; Felgar – 115 000; C. Boa – 14 800. Renda dos Verdes – 39 000; Renda da Barca do Pocinho – 361 000; Sisa dos correntes – 37 000. Concerto do relógio – 4 000. Outras rendas e arrematações tinham lugar em outras alturas do ano.
01.01.1868 – Data da entrada em vigor da lei do imposto de consumo. Tal não aconteceu porque, de norte a sul de Portugal, os povos se levantaram em protestos, obrigando o governo a demitir-se e o rei a anular a lei. Esta revolta ficou conhecida pelo nome de Janeirinha.
Vamos contar como as coisas se passaram em Torre de Moncorvo. No fim da missa, os sinos tocaram a rebate e o povo juntou-se no largo do Rossio, frente à igreja, dispondo-se a assaltar a repartição de Finanças e a queimar os papéis da cobrança do imposto. O administrador conseguiu dissuadi-los, prometendo que o imposto não seria cobrado na área do concelho. Pelas 7 horas da tarde, a vila foi invadida por cento e tal homens do Larinho, que acabaram também por se acalmar e retirar, sem distúrbios de maior.
No dia seguinte, pelo meio dia, soube-se que uma multidão superior a 600 homens, do Felgar, Carviçais, Mós e Souto da Velha vinha a caminho de Moncorvo. Entraram na vila, armados de paus, roçadouras, facas, espingardas… mas acabaram por deixar-se convencer pelos argumentos do administrador José Maria Pimenta de Sousa (de Urros) e do juiz de direito Tomás Inácio de Meireles Guerra, limitando-se a mandar vir uma mesa para a praça e ali foi redigida uma proclamação, por um habitante do Felgar e assinada por quantos sabiam e quiseram, dando-se vivas ao rei e morras ao governo.
À noite, a vila seria ainda invadida por populares vindos de Peredo, Urros, Maçores e Felgueiras, nada de grave acontecendo também. Em outras terras trasmontanas os movimentos populares foram bem mais violentos e prolongados. Assim aconteceu em Macedo de Cavaleiros, cuja vila foi invadida no dia 14 por gente das aldeias que assaltou a repartição de Finanças e queimou a mobília e os papéis.
01.01.1893 – Publicado o nº 63 do Moncorvense, do qual respigamos as seguintes notas:
- VILA FLOR – O sr. Abel Tenreiro que politicamente só foi gente enquanto esteve no partido regenerador, onde foi chefe e administrador do concelho enquanto ele o quis ser; depois juiz ordinário, tornando-se por fim dissidente, mais tarde esquerdista, depois republicano e por último progressista eduardista, para obter a Recebedoria de Vila Flor que viu ir para outrem, dando-lhe o conselheiro Eduardo Coelho para prémio de consolação a administração do concelho que tinha deixado com os regeneradores declarando terminantemente que era lugar que nunca mais queria exercer…
- A. DE LEMOS: - Sou realmente muito dedicado ao meu parente e amigo o exº conselheiro Firmino João Lopes, mas as minhas ligações com este cavalheiro, desde que ele se desviou da política regeneradora limitam-se tão só às relações de amizade…
01.01.1903Correspondência de Vila Flor publicada no semanário Trasmontano, de Moncorvo:
- Sob a direcção do nosso amigo Bernardino Smith Pires, tem havido, no Club Villa-Florense, alguns ensaios, a fim de se organizar um concerto (…) o sr. Tenreiro está a elaborar os Estatutos do Club.

Manuel de Sousa Moreira
01.01.1905 – Repetição das eleições municipais na mesa de voto de Carviçais onde também votavam os eleitores de Larinho, Felgar, Souto da Velha, Mós e Felgueiras, em virtude da anulação do acto eleitoral de 10 de Outubro de 1904. Também estas eleições começaram da pior maneira, com o abade Tavares a esconder a chave da igreja matriz, local que fora destinado para a instalação da mesa de voto. Por isso, mais uma vez seria anulada a eleição e muitas peripécias se sucederam.
01.01.1912 – Aprovados os Estatutos do Centro Republicano de Carrazeda de Ansiães.
01.01.1952 – Lançamento do jornal “A Torre” pelo ilustre empresário Moncorvense Manuel de Sousa Moreira e cujo primeiro director foi o grande jornalista Armando Fonseca, natural de Urros, que no colégio Campos Monteiro ganhou a alcunha de “Gerúndio” e, no último quartel do século passado, foi director do Jornal Notícias, do Porto. A saudosa “Torre” onde também colaborei, publicou-se até 1975. Ironia do destino: foi preciso vir a Liberdade de Abril para ela morrer!

António Júlio Andrade

2 comentários:

  1. Luís Manuel Branquinho Pintoescreveu: Bons exemplos que deviam ser seguidos...

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  2. Em Janeiro estamos nós também e somos alvo de um verdadeiro assalto fiscal. Ou antes, somos alvo de um massacre fiscal, de todo insuportável. Pois há muuuuiiiiitos milionários neste país que enriqueceram da noite p´ro dia , além dos milionários de longa data e donos de Portugal.
    Mas os nossos "amigos" Pedro e Gaspar, sabem onde o dinheiro está, não sabem? E podem ir lá buscá-lo, não é verdade? Só falta escreverem uma pequena lei. Vá lá, Pedrito e Gasparito, sejam, de facto, só um pouquinho mais nossos amigos e redijam a porcaria do Decreto. Então?
    É que o povo pode querer repetir a "Janeirinha" ...

    Júlia Ribeiro

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