domingo, 4 de março de 2012

Da Malcata ao Reboredo - “Nunca vi escola”

“Nunca vi escola”,diz-nos com tristeza a dona Auzília,83 anos, mãe de um professor de História e avó de uma farmacêutica, de uma radiologista e de uma engenheira.
Com apenas dois anos, foi com os pais e irmãos para a Quinta da Rapada onde, em criança, guardava “chalanos” (ovelhas pequenas, que ainda não dão leite).Pastora e criada de servir em casa dos senhores da propriedade, órfã de mãe aos  treze,”mãe” ela própria de uma irmã de quatro, decide, aos dezoito,  abandonar a quinta por “não aguentar tanto trabalho”.
Vinda para Algodres, conheceu o  futuro marido num dia de São João. Mourejando  no campo, fazendo queijo à noite e dedicando ainda algum tempo ao trabalho doméstico, não eram grandes as posses para haver fartura no lar.”Comia-se sempre a mesma coisa”,confessa-nos.”À noite ,migas de soro, quando se fazia queijo. Ao almoço, caldo verde e batatas”.Mas ,quando  havia matança, os domingos e quartas-feiras eram dias de carne à mesa.
Depois de uma vida de intenso trabalho e de muitos sacrifícios, hoje  ,a dona Auzília e o marido são comensais diários no Centro de Solidariedade Social de Algodres , onde são” muito bem tratados”.

Fotografia no Centro Interpretativo e Museológico de Algodres :dona Auzília,senhor Eduardo e Ondina.
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2 comentários:

  1. Wanda Alonso Wenceslau disse: Uma vida estafante de antigamente, aí e em outras partes do mundo. Aqui (Brasil) era a mesma coisa, muito trabalho e pouca comida!

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  2. Maria Lucia Melo disse: concordo Wanda! em todos os lugares o trabalho emendava a noite no dia e a comida era escassa! Maus tempo,bons tempos... sobrevivemos,e isso importa!

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