67 minutos ,por Júlia Ribeiro

Nelson Mandela - 1937

A África do Sul e o Mundo inteiro celebram hoje os 94 anos do único santo vivo na Terra: Nelson Mandela.

Às oito horas da manhã, 20 milhões de pessoas em todo o mundo e 12,5 milhões de crianças e jovens de África do Sul – em uníssono - lhe cantaram os parabéns.

E porquê? Mandela é o seu herói. O grande lutador anti-apartheid. Condenado em 1962 por um tribunal racista a prisão perpétua, passou 27 anos preso, humilhado e torturado. Longos anos sem uma carta, sem uma visita. Sem uma fala. Dois filhos lhe morreram e não lhe foi permitido ir aos seus funerais. Uma filha se casou e não lhe foi permitido dar o braço à noiva.

Quando o presidente Frederik de Klerk, por pressões internacionais e receando cada vez mais tumultos, confrontos e até massacres, em 1990 mandou libertar Mandela, viu-se aí a grandeza do Homem e a humildade do Mártir. Nele não existia ódio nem sede de vingança.

Eu vi na televisão, em directo, a saída de Nelson Mandela da prisão e a multidão eufórica aclamando-o: negros e brancos.

As palavras dele foram (cito de cor) :

   “Pegai nas vossas armas, também nas vossas facas e catanas, e atirai-as ao mar. Agora é tempo de paz, de reconciliação e de

reconstrução”. No dia em que foi eleito Presidente da África do Sul, em 1994, no seu discurso pronunciou as seguintes palavras:

“During my lifetime I have dedicated myself to the struggle of the African people. I have fought against white domination, and I have fought against black domination. I have cherished the ideal of a democratic and free society in which all persons live together in harmony and with equal opportunities. It is an ideal which I hope to live for and to achieve. But if needs be, it is an ideal for which I am prepared to die."

(Tradução ao correr da pena: “Durante toda a minha vida dediquei-me à luta do povo africano. Lutei contra o domínio branco e lutei contra o domínio negro. Acarinhei o ideal de uma sociedade livre e democrática na qual todas as pessoas possam viver juntas em harmonia e com igualdade de oportunidades. É um ideal para o qual espero viver e que espero alcançar. Mas se  necessário for, é um ideal pelo qual estou preparado para morrer”).

Cumpriu o seu mandato e muito mudou na África do Sul, a começar pelas mentalidades. (Não todas como é óbvio). Não quis recandidatar-se. O apartheid pertencia ao passado; a democracia estava no bom caminho. Era necessário dar lugar aos mais jovens.

Milhares e milhares de páginas se escreveram já sobre Mandela e muitas mais se escreverão. Vou apenas falar-vos dos 67 minutos que o Santo Mandela nos pede retiremos das nossas atarefadas vidas para fazermos algo pelas crianças, pelos idosos e por todos aqueles que precisam da nossa ajuda. Estes 67 minutos representam os seus 67 anos de luta pela justiça social e pela paz.

Júlia Ribeiro