segunda-feira, 2 de julho de 2012

ADEGANHA - SEGADA

O mês da segada era de Junho a meados de Julho. Em finais de julho começavam as “acarrajas”,transporte do pão para as eiras. Mas segundo nos diz o ditado “em agosto, amalhada é contra gosto”.
Manada – cereal que se apanha duma vez com a seitoira;
Gabelas – várias manadas;
Molhos – várias gabelas fazem um molho;
Banceilhos –serviam para se atar as gabelas, normalmente era de centeio por ser mais comprido;
Rilheiros –conjunto de vários molhos, o grão fica sempre para dentro.
Instrumentos dos segadores: seitora, dedais (cana ou couro).
Roupa – os homens fardavam-se com calças de coutim, ou sarja, e as camisas eram de popline e riscado(fazenda fina). As mulheres iam com blusas de manga comprida (chita ou riscado),saia (merino, ou popline), meias e avental. Os de além douro traziam sempre chapéus de palha.
Recolha feita com a D. Ermelinda.

 “Ó que alegria,
Já lá vem anossa criada.
Trazer o jantar,
à nossa belas egada.

Nunca seviram,
Segadores alentejamos.
Virem a segar,
Á terra dos transmontanos.

Ai que desgraça,
só me lembrei pelo caminho.
Com tanta presa,
Lá deixeificar o vinho.”

Recolha de musicas na Adeganha, Junho de 2012
André Tereso
Ver:
http://adeganhaviva.blogspot.pt/2012/06/adeganha-aldeia-viva.html
http://lelodemoncorvo.blogspot.pt/2012/06/mundo-rural-ha-festa-na-adeganha.html

3 comentários:

  1. Grande património cultural, neste caso registo linguístico e trabalhos rurais: usos e costumes daquele tempo, em que os Alentejanos se deslocavam a terras de Trás-os-Montes.
    Tininha

    ResponderEliminar
  2. A ditadura chegou ao campo





    Sei que é difícil atrair a atenção dos leitores para um assunto como este: "sementes". Mas das sementes e da liberdade de as plantar depende uma boa parte do nosso futuro porque 75% da biodiversidade agrícola foi extinta no século XX e as coisas não vão ficar por aqui. O esmagador poder financeiro da indústria química quer multiplicar leis, por todo o Mundo, para impedir os agricultores de serem livres de usar as sementes não certificadas nas colheitas seguintes. A espiral é terrível: quanto menor produção agrícola com sementes ancestrais, pior comeremos.
    Num filme notável chamado "Food Inc." (Comida, Lda.) os autores mostram, por exemplo, como a multinacional Monsanto consegue perseguir e levar à falência vários produtores rurais. O argumento é simples: se no campo deste agricultor houver plantas cultivadas com sementes Monsanto e ele não for cliente da empresa, é processado por estar a usar sementes patenteadas, mesmo que elas tenham sido propagadas pelo vento e estejam misturadas com as suas. A natureza passou a ter 'dono'.
    A Monsanto é a mais importante empresa mundial produtora de transgénicos. Atrai os agricultores através de um marketing aliciador de melhores colheitas. Mas os alimentos obtidos a partir de sementes alteradas laboratorialmente, cujo ADN não é compreendido pelos organismos humano ou animal, arrastam interrogações que não compreendemos antecipadamente. Foi assim que se alimentaram herbívoros com rações à base de carne e se rompeu uma lei da natureza. Esta experiência foi um dos motivos apontados para o surto da doença das vacas loucas.
    As culturas transgénicas estão já na mesa de pessoas de todo o Mundo. Surgem em coisas tão importantes como a alimentação dos bovinos (por exemplo, na carne importada do Brasil ou da Argentina), na soja, arroz, milho ou em algo tão simples como o mel produzido por abelhas próximas de campos transgénicos. Um relatório da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) dizia recentemente que a maioria dos alimentos consumidos no mundo ocidental provém apenas de 12 espécies de plantas e cinco espécies de animais, apesar de terem sido catalogadas milhares de espécies comestíveis. Pior: arroz, trigo e milho constituem 60 por cento da alimentação humana, sendo estes, na sua esmagadora maioria, provenientes de sementes tão apuradas que o nosso corpo já não 'lê' estes alimentos como "arroz", "trigo" ou "milho". Obviamente nem vale a pena falar da 'fast-food' ou da comida industrial.

    ResponderEliminar
  3. Cristina Sales, uma médica que o Porto tem a sorte de ter por perto, escreve há vários anos sobre o caos da alimentação moderna e percorre o Mundo como oradora em conferências com este tema. E o que diz? "O nosso corpo tem um histórico de milhões de anos na absorção dos alimentos e está cada vez mais incapaz de reconhecer o que come. Não tem as enzimas necessárias à sua digestão e metabolismo. Por isso gera uma reação inflamatória contra os alimentos porque os considera 'elementos estranhos', como se fossem tóxicos. Essa é uma das razões porque tanta gente aumenta de peso ou de volume: porque retém líquidos nesse processo inflamatório. E isso afeta todas as pessoas, incluindo as magras".
    Jude Fanton, da organização "Seed saver (Salvar as Sementes)" disse há meses ao programa Biosfera, da RTP2 (com o qual trabalho) uma coisa simples: "Se nos recordarmos do sabor da comida dos nossos avós - as maçãs, os vegetais, etc. - eles tinham um sabor verdadeiramente forte e intenso. Isso significa mais nutrição. Essa é talvez a razão pela qual estamos a engordar. Temos de comer cada vez mais para conseguir os nutrientes de que precisamos".
    A ditadura agrícola e alimentar é este louco processo de quebrar as regras da natureza em busca de mais rentabilidade. Se fecharmos os olhos à origem dos alimentos, contribuímos gradualmente para uma vida cada vez mais tóxica. Essa perda de 'liberdade de escolha' e 'biodiversidade essencial' afeta o ADN humano que não deveríamos alienar numa só geração. Além disso, replica o modelo económico que supostamente queremos combater: os lucros ficam com as grandes multinacionais e as doenças em cada um de nós.

    ResponderEliminar

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.