sábado, 8 de março de 2014

DIA INTERNACIONAL DA MULHER (Em sua homenagem,reeditamos textos das nossas colaboradoras)




A origem do  Dia Internacional das Mulheres apresenta algumas versões  nem sempre coincidentes, mas o que realmente importa é lembrar a força das mulheres em todo o mundo.
A ideia de celebrar um Dia da Mulher vinha já do séc. XIX e, com maior ênfase desde os primeiros anos do século XX, na Europa e nos Estados Unidos, devido à luta , melhor dizendo , devido às lutas das mulheres por melhores condições de vida e de trabalho, bem como pelo direito de voto.
A proposta do Dia Internacional da Mulher foi iniciada na viragem do século XX, durante o processo de industrialização e expansão económica, que levou a grandes protestos sobre as condições de trabalho. Mulheres empregadas na indústria têxtil foram o grande motor de um desses protestos em 8 de março de 1857 em Nova Iorque, protesto esse barbaramente reprimido pela polícia, mandada avançar pelos patrões. As operárias pediam apenas a redução de 16 horas de trabalho diário para 10  e salários mais altos, propondo que lhes fosse paga a metade do salário dos homens, pois elas só recebiam cerca de um terço.
Três teses subsistem para que a data de 8 de Março  passasse a ser comemorada mundialmente:
1)   a terrível repressão do protesto das operárias em 8 de Março de 1857, em Nova Iorque;
2)   o incêndio na fábrica da Triangle Shirtwaist (que revelou as péssimas instalações em que laborava  e as condições subumanas em que laboravam as trabalhadoras ) e que também ocorreu em Nova Iorque em 25 de Março de 1911, e causou mais de 140 mortes. (Segundo relatos, cerca de 129 trabalhadoras tentaram escapar, mas encontraram as portas trancadas e foram queimadas vivas);
3) o grande protesto “Pão e Paz”, realizado por 90 mil  operárias russas da indústria têxtil contra a fome, contra o czar Nicolau II e contra a participação da Rússia na Primeira Guerra Mundial. Essa gigantesca greve teve início  no dia 23 de Fevereiro de 1917,  pelo calendário Juliano, correspondente a 8 de Março pelo calendário gregoriano. (1)           
         
Depois destes acontecimentos históricos, e com a Primeira Grande Guerra, muitos outros protestos de fortes grupos femininos foram surgindo por todo o mundo.
Em 1910 ocorreu a primeira Conferência Internacional sobre a Mulher em Copenhaga e aí, em resposta a uma proposta de Clara Zetkin, foi aprovada a celebração do Dia Internacional da Mulher. Ainda sem data determinada. O que viria a acontecer no ano seguinte.
Nos países comunistas a data era celebrada com grandes  festividades, muita pompa e circunstância.  No Ocidente, o Dia Internacional da Mulher foi comemorado no começo do século, até à década de 1920. Depois, a comemoração foi caindo  no olvido durante alguns, assaz  longos, anos e foi somente recuperada pelo movimento feminista, já na década de ´60. Actualmente, com algumas interessantes excepções, a celebração do Dia Internacional da Mulher perdeu  bastante do seu significado original, adquirindo um caráter festivo, sim, mas mais comercial.
O ano de 1975 foi designado pela ONU como o Ano Internacional da Mulher e, em Dezembro de 1977, o Dia Internacional da Mulher – 8 de Março -  foi adoptado pelas Nações Unidas, para lembrar as conquistas políticas, sociais e económicas das mulheres corajosas que nos precederam.


(1)Trotsky regista o acontecimento: “Estavam planeadas acções revolucionárias e, contra as nossas directivas, as operárias texteis deixaram o trabalho em várias fábricas e enviaram delegadas informando da sua greve. Todas sairam às ruas : foi uma greve de massas. Mas não imaginávamos que este “dia das mulheres” viria a ser o rastilho da revolução”.
(História Viva “Conquistas na luta e no luto” , por Maira Kubik Mano, fonte: Internet)

Leiria, 8 de Março de 2013
Júlia Ribeiro
Foto de Lb

10 comentários:

  1. De S.Paulo Alice Moreira Marques escreveu: Titia Linda!!

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  2. Conceição Barros escreveu: esta senhora esta de parabéns pelos seus 90 anos

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  3. É também o dia de pagar ao senhorio.A mulher dona de casa sabe isso muito bem e para todos se lembrarem fizeram o 2 em 1.
    M.

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  4. Mais um belo texto desta senhora.No dia da mulher o texto tinha que ser escrito por uma delas e neste blog tinha que ser ELA.Bem-haja minha senhora.
    Leitor

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  5. Julinha, eu sabia que neste dia ia escrever nos Farrapos. Disse ao meu neto para vir almoçar comigo e ele trouce o computador e leu para mim o seu texto. Gostei muito. Coitadas das mulheres, sempre escravisadas. Hoje as coisas estão melhor, mas ainda á coissas muito más.

    Um beijino
    Maria Augusta

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  6. Um texto com muita força.

    Obrigado Dra.Júlia Ribiro.
    Obrigado Lelo.
    Boa sorte para os Farrapos de Memória.

    Um Fã do Blog

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  7. Tenho visto estes acontecimentos todos muito misturados. Fui a internet e a baralhação tambem por lá existe. Ainda bem que esta senhora esclareceu as coisas. Por isso gostei do texto. Obrigada.

    Cristina Alex

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  8. Como sempre,oportuna.Obrigada,Julinha, por toda a informação.
    Aquele abraço.

    Uma moncorvense

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  9. Também agradeço.
    Achei o texto muito bem feito e com informação relevante.

    R.S.

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  10. Olá, Amigos :

    Por terem lido e comentado, para todos os visitantes e blogueiros, aqui fica um grande abraço.

    Júlia Ribeiro

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