domingo, 23 de junho de 2013

Apresentação de livro muito fora do comum,por Júlia Guarda Ribeiro

Nunca vi apresentação de um livro com mais graça do que aquela que vos vou contar. Foi em Moncorvo,  Dezembro de 2005.
Presidente,Engº Aires Ferreira (foto de arquivo)
A Câmara havia apoiado a publicação, a apresentadora do livrinho, Dra. Graça Abranches tinha chegado  e eu e mais três amigas de Leiria estávamos a conversar com a Dra. Helena Pontes, Directora da Biblioteca, aguardando o Sr. Presidente,  Engº Aires Ferreira que iria abrir a sessão.
Mas,  no último minuto, sucedeu qualquer imprevisto que o impediu e mandou em seu lugar o Vice-Presidente.  Este era um homem alto e forte que, para não destoar,  se chamava (ou lhe chamavam) Zé Grande,  e que eu não conhecia. Após as apresentações, tomámos lugar à mesa e a Dra. Helena explicou a situação à assistência. 
O Sr. Vice-Presidente (que nunca me tinha visto, nem lido o livro, nem nenhum dos meus livros), pegou  num livrinho  dos que estavam sobre a mesa e  começou a improvisar. Mas o jeito não era grande : que tinha  muito prazer em me conhecer,  muito gosto em saber que eu era Moncorvense,  muito gosto em saber que eu escrevia e que  “ para o ano cá a esperamos, com um livro mais bonito do que este”.  Agradeceu aos presentes e sentou-se.
A gargalhada só não foi estrondosa,  porque as pessoas entendiam que aquele era um momento algo solene, como o é o início da apresentação de um livro. Mas a vontade de rir era visível : uns tossiam, outros enfiavam o nariz no livro sem reparem que estava de pernas para o ar, outros assoavam-se , eu torcia-me na cadeira...
A apresentadora,  Dra. Graça Abranches, que tentava manter a compostura, lá se levantou e começou a ler o seu  trabalhinho de casa. Mal a leitura das duas folhinhas terminou, toda a gente correu para o “Porto de honra” que o pessoal da Biblioteca havia preparado, não para se atirarem aos bolinhos de amêndoa, deliciosos, diga-se de passagem,  mas para poderem, finalmente rir a bandeiras despregadas. As gargalhadas estalaram de todos os lados.
Para nos compensar, o Sr. Zé Grande convidou-nos,  a mim e às minha três colegas,  para irmos ver a sua adega no Reboredo . Valeu a pena o passeio, pela vista e pelos vinhos.
Agora, sempre que vou à apresentação de um livro, recordo esta peripécia. E continuo a achar graça. Aliás, penso que quem não consegue rir de si próprio, não terá muito sentido de humor.

NOTA FINAL : Esta “pequena memória” vai direitinha para a minha amiga Detinha, para a compensar por tê-la feito comover-se com a história do Guga. Agora já riu, de certeza.


Leiria,23 de Junho de 2013

Júlia Guarda Ribeiro

14 comentários:

  1. E não é que ele acertou?Toda vez achamos que seu mais recente livro é o melhor de todos e aí vens com um muito melhor. Não leve ao pé da letra meu trocadilho, acho todo teu trabalho de excelente qualidade do começo até o mais recente e nota-se como gostas que assim o seja.Num momento muito especial de minha vida , nos teus livros esqueci um pouco minha dor, foi quando da morte de meu pai.
    Agradecida.
    Beijos.

    Wanda Alonso Wenceslau Afecto

    São Paulo-Brasil

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  2. Olá, Wanda, querida Amiga:

    Tenho mesmo de responder-te já.
    Há tanto tempo que não aparecias por estes lados, que ler o teu nome e as tuas palavras tão amáveis, foi para mim uma alegria enorme.
    Como estás ? E a tua família? Espero que estejam todos bem.
    Desejo-vos tudo de bom, ou antes, desejo-vos o melhor do mundo: saúde, amor, paz, alegria ...
    E daqui vos envio beijinhos e um abraço muito, mesmo muito grande, pois tem de atravessar o Atlântico !!

    Júlia

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    1. Querida amiga, estamos todos bem , obrigada. Na luta por um país melhor, participando dos protestos desde que sejam pacíficos .Tenho lido diariamente o blog, exceto quando tenho visitas,como ontem, não me sobra tempo.Recebi teu abraço e teu beijo de além mar e estou mando outros de volta. Vai ficar uma enorme ponte de abraços e beijinhos cruzando o Atlântico.....

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  3. Eu estou a imaginar a cena..nao conheço a menina Júlia pessoalmente mas por aquilo que escreve é uma senhora com um sentido de humor e cultura que delicia quem a " lê". Concerteza que o senhor nao queria dizer isso... Concordo com a sua amiga do Brasil, cada história é melhor que a outra.. Que tenha muitos anos e saúde para compartilhar as suas obras de arte feitas com as palavras.

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  4. Este Homem "Zé Grande" é candidato á câmara Municipal de Torre de Moncorvo, se uma pessoa que esta fora da terra reparou neste "pequeno/grande pormenor", vejam se por acaso ele for eleito "CRUZES CANHOTO" vai ser risota total, eu natural de Moncorvo não quero que contem anedotas desta terra por causa de um homem destes sem preparação nenhuma para este e outro cargos, eu vorei nas ultimas eleições no actual executivo camarário, que fique claro
    António Manuel Martins

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  5. A Drª Júlio queria referir-se ao Sr. António Grande que foi Vice-Presidente da Câmara e não ao actual, candidato e também vice-presidente em exercicio, Engº José Aires. Aqui fica a rectificação. Não metam já politica aqui.

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  6. Grata, Julinha, pelos momentos de riso e de lágrimas.Todos têm sido bons: põem-me bem disposta e "aliviam-me" as tristezas.
    Beijinho.
    Dete

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  7. Tem toda a razão este último anónimo : o lapso foi meu.
    Em 2005, o Vice - Presidente da Câmara era um senhor alto e forte, chamado António Grande (não sei se era nome , se alcunha). Eu é que já não me lembrava se era António ou José ou Zé. Sei que o senhor, numa atitude muito simpática, nos levou à sua adega no Reboredo. A adega era enorme e tinha bons vinhos .
    Acabei de saber que esse senhor já faleceu.
    Portanto, nada tem que ver com o actual candidato (que não sei se conheço nem se ele me conhece) à Presidência da Câmara de Moncorvo.
    Por isso peço também que não se misture política aqui.

    Um abraço de amizade aos comentadores pelas vossas amáveis palavras
    e o meu muito obrigada ao "anónimo" que, felizmente, tão bem esclareceu a situação.

    Júlia Ribeiro



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  8. Julinha

    não se importa que a trate assim ?
    A sua mãe foi vizinha da minha e às vezes eu ouvia-a falar da sua rica filhinha e eu pensava que era tudo exagero de mãe.
    Agora acredito que ela tinha uma filha excecional.
    Gosto de tudo quanto escreve e tenho alguns dos seus livros.

    obrigado e muita saúde.
    Zé Tó

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  9. Factos:
    António Fernandes, conhecido por António Grande. De Felgueiras.
    Eleito pelo CDS-PP, viria a desempatar o 3 a 3 entre PS (vencedor das eleições)e o PSD, ao aceitar um pelouro e a vice-presidência.
    Investiu muito nas viticultura e vinificação.Faleceu prematuramente.

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  10. Querida Julinha!
    Os bons escritores têm a virtude,o condão, de nos fazerem rir e chorar ao mesmo tempo...Desta vez ri-me,com o Guga,o seu cão de estimação chorei...Mais uma vez Parabéns por,com arte ,transformar um facto,não direi "banal" numa história hilariante.
    Gostei da nota final.Não me diga que essa "pequena memória"vai direitinha para aquela menina de franjinha a lembrar a Mireille Mathieu dos anos 70!Se a vir por aí,dê-lhe um abracinho apertadinho e diga-lhe
    (não se esqueça)que tenho muitas saudades dela!
    Para a sempre querida Julinha vai,também ,um abraçinho de amizade da
    amiguinha
    Ireninha

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  11. Ó minha querida Ireninha ;

    É sempre uma alegria quando a vejo por aqui. Já percebi que aparece quando as saudades apertam... Venha mais frequentemente.
    Como vai o Luis? Dê-lhe um beijinho meu.
    Claro que eu entregarei o seu abraço muito apertado à nossa Detinha , que ainda continua com aquela franjinha bonita.
    E agora envio à Ireninha um abração repleto de amizade.

    Júlia

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    1. Cara Dr.a Julia
      Sou um seu admirador. Pela sua obra, os seus textos e reflexões, e também pelo facto de ser uma Moncorvense, orgulhosa da sua terra. E como Moncorvense, ausente mas igualmente orgulhoso na sua terra e nas suas gentes, não posso deixar de agradecer os momentos de viagem no tempo das memórias, que nos tem proporcionado.
      Neste seu texto, fala de um homem grande. De físico, mas também um homem de coração grande. Conheci-o desde sempre, o António Grande de Felgueiras, amigo do meu avo Anastacio Marrana e que eu aprendi a considerar.
      A forma como descreve a sua presença nessa cerimonia, não e mais do que o retrato da sua singularidade, da sua genuinidade e do seu caracter.

      Quero agradecer-lhe este momento que me fez recordar um homem bom.
      Obrigado .
      Joao Marrana

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  12. Boa tarde, Caríssimo Amigo e Conterrâneo

    Conheci muito bem o seu avô. De vez em quando dava-me um rebuçado e perguntava-me a tabuada de multiplicar. Como eu acertava sempre, dava-me outro rebuçado..

    Pois o Sr. António Grande era um homem simples, bom e generoso. Uma simpatia..
    E embora, nessa tarde na Biblioteca de Moncorvo, toda a gente tivesse entendido o que lhe ia no coração e o que ele, de facto, quis dizer, não há dúvida que teve imensa graça e foi difícil não rirmos abertamente em frente dele.

    Posso não me lembrar de outra apresentação qualquer, mas esta nunca a esquecerei.

    Amigo João Marrana , bem haja pelas suas palavras tão amáveis.

    Júlia Barros Ribeiro

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