segunda-feira, 24 de outubro de 2016

O labirinto da colocação de professores visto a partir de Torre de Moncorvo.

No agrupamento Dr. Ramiro Salgado há cinco lugares em falta 

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Com todos os professores colocados no início de Setembro, o ano lectivo até parecia que ia arrancar bem no agrupamento de escolas Dr. Ramiro Salgado, em Torre de Moncorvo. Mas como o que parece nem sempre é, tudo começou a complicar-se logo depois do arranque das aulas por via do labirinto em que se transforma por vezes a colocação de docentes.

Este é um exemplo paradigmático de uma situação também vivida noutras escolas e que é relatada ao PÚBLICO pelo subdirector do agrupamento de Moncorvo, Luís Rei. Esta semana continuavam ali em falta cinco professores. A escola bem tem tentado ocupar as vagas tanto por via do concurso nacional, como pelas reservas de recrutamento. Mas os esforços têm sido em vão: houve docentes que denunciaram o contrato após o período experimental obrigatório de 15 dias e outros que têm sido colocados nas sucessivas reservas de recrutamento e que recusam a colocação.

 “A Biologia e Geologia já tivemos quatro professores colocados e os alunos continuam sem aulas”, conta Luís Rei. Um dos professores em falta é do 1.º ciclo. “Tivemos uma professora colocada, mas que vive na Suíça. Concorre todos os anos e depois recusa o lugar. Não sei como é que o ministério deixa que estas situações aconteçam”, descreve.


O agrupamento Dr. Ramiro Salgado situa-se numa zona rural e muitos dos seus alunos são oriundos das aldeias da região. Vêm de manhã para a escola e só podem voltar a casa ao fim da tarde. “Mesmo com falta de professores, não podemos deixar que não tenham aulas. Temos a obrigação de os acompanhar enquanto estão na escola”, diz Luís Rei.

À semelhança das outras escolas do país, também falta pessoal não docente no agrupamento de Moncorvo. O subdirector refere que nos últimos dois anos e meio reformaram-se 12 assistentes operacionais e os que ficaram “estão muito envelhecidos”: “A nossa salvação tem sido a câmara que tem contratado funcionários a prazo no centro de desemprego.”

Este recurso aos chamados contratos emprego-inserção tem sido utilizado por muitos agrupamentos, mas tanto professores como pais têm chamado a atenção para o facto de estes contratados não terem a formação adequada e da sua rotatividade não permitir um conhecimento efectivo da comunidade escolar.

Luís Rei critica também o modo como o Ministério da Educação calcula os funcionários a atribuir a cada escola, o que é feito com base num rácio que tem apenas em conta o número de alunos. “Não são contabilizados os serviços que a escola tem, como por exemplo o refeitório e a cozinha, que exigem a presença de mais pessoal”, aponta. E como o número de alunos é a única variável, ignora-se também se estes estão concentrados numa só escola ou espalhados por várias.

Fonte: https://www.publico.pt/sociedade/noticia/-ja-tivemos-quatro-professores-colocados-a-biologia-e-os-alunos-continuam-sem-aulas-1748404




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