quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Algures a Nordeste - Outono II


Freixo de Espada à Cinta - Avenida Guerra Junqueiro; Carrascal

Fotografia cedida pelo Dr. Jorge Duarte, Diretor do Museu da Seda e do Território (data desconhecida)

CARETOS,VELHOS e CHOCALHEIROS -1991


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MEMÓRIAS ARQUEOLÓGICO-HISTÓRICAS DO DISTRITO DE BRAGANÇA, por Abade de Baçal- TOMO III



http://altm-academiadeletrasdetrasosmontes.blogspot.pt/2014/02/memorias-arqueologico-historicas-do_27.html

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Algures a Nordeste

Fotografia de José Rodrigues

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terça-feira, 29 de novembro de 2016

ESTEVAIS - Velhos são os trapos

Foto Lb

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A Alheira Transmontana

                       
                               Familia Soeiro - Fabrico de Alheiras from Leonel Brito on Vimeo.

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Nordeste Transmontano - EFEMÉRIDES (29/11-Atualização)

As novas barcas (2011)
29.11.1777 – Tendo-se levantado, dois anos atrás, um grande diferendo entre a câmara de Moncorvo e o governo da rainha D. Maria I, sobre a posse da barca do Pocinho, novos desenvolvimentos teve desta data com a assinatura de uma ordem emanada de Lisboa, assinada pela rainha, dirigida ao corregedor de Lamego para que fizesse queimar a barca que a câmara de Moncorvo tem no lugar da Bouça e ficasse a funcionar a barca do pocinho, arrendada por alvará do governo a um particular e por este construída. Mais ordena que o prejuízo que o mesmo tivera pela concorrência ilícita da barca da câmara fosse pago pelos vereadores e procurador da câmara de Moncorvo, do seu bolso. Nesta ordem os membros da câmara eram tratados como “régulos (…) com insolentes procedimentos”.

29.11.1832 – Decreto concedendo a medalha da Ordem da Torre e Espada ao sargento Manuel António de Morais, de Torre de Moncorvo, por feitos heróicos na batalha de 29.9.1832 contra os Miguelistas.
António Júlio Andrade

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Convite - Cordeiros Galeria




A Cordeiros Galeria tem o prazer de anunciar a sua participação na edição de 2016 da Art Miami.

Se estiver por aqui, visite-nos no Stand B500.

Prémio Literário Nortear para Jovens Escritores | Inscrições até 30 abril 2017


As candidaturas ao III Prémio Literário Nortear para Jovens Escritores já está a decorrer, até ao próximo dia 30 de abril de 2017.

Esta iniciativa é promovida pela Consellería de Cultura, Educación Y Ordenación Universitaria (Espanha), pela Direção Regional de Cultura do Norte (Portugal) e pelo Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial Galiza-Norte de Portugal.

O Prémio Literário Nortear tem como objetivos distinguir, anualmente, obras literárias originais; promover o aparecimento de novos escritores, incentivando a produção de obras inéditas no domínio da ficção; incentivar a criatividade literária entre os jovens escritores residentes na Euroregião Galiza – Norte de Portugal e promover a circulação e distribuição de obras literárias além-fronteiras.

Podem candidatar-se ao Prémio Nortear todas as pessoas singulares com plena capacidade jurídica, residentes na Euroregião Norte de Portugal ou na Galiza, com idades compreendidas entre os 16 e os 36 anos, devendo as ob
ras, escritas nas línguas portuguesa e galega, no género de relato curto/conto, ser enviadas, por correio postal, para o Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial Galicia – Norte de Portugal.



CONTRATO DE EXPLORAÇÃO DAS MINAS DE MONCORVO DEVE SER ASSINADO ESTA QUARTA-FEIRA

O contrato de exploração das minas de Torre de Moncorvo deverá ser assinado esta quarta-feira, em Lisboa, revelou ao Jornal Nordeste fonte ligada ao processo.

O passo que faltava para arrancar com a exploração mineira em Torre de Moncorvo, depois de um interregno de 30 anos, poderá ser dado esta semana, “se se concretizar a intenção do Secretário de Estado da Energia de assinar o contrato com a MTI- Ferro de Moncorvo, S.A”, referiu a mesma fonte.

Jornalista:
Sara Geraldes


Bragança-Miranda: Diocese adota missal e lecionário próprios

 Bispo destaca mais um passo importante para a vivência cristã das comunidades

A Diocese de Bragança-Miranda adotou este domingo um missal e um lecionário próprios para as Eucaristias, bem como um diretório de música para a liturgia, depois de aprovados pela Santa Sé.

Em entrevista à Agência ECCLESIA, o bispo de Bragança-Miranda destacou este passo dado pela diocese transmontana, depois de “um longo caminho” que permitiu a adoção de um “calendário particular” para a Igreja Católica local, com os santos e as festas ou solenidades que mais dizem às comunidades paroquiais.

Ler notícia completa em: 
http://www.agencia.ecclesia.pt/noticias/nacional/bragancamiranda-diocese-adota-missal-e-lecionario-proprios/

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Faleceu o Professor Carlos Sambade

Com profundo pesar, comunicamos que o Professor Carlos Sambade , colaborador do nosso blogue, faleceu hoje, às 15.30 horas, no Hospital S. João, Porto. Prevê-se que o funeral se realize  amanhã, entre as 15 e 15,30 horas, em Mós, sua terra natal.
 Tinha 64 anos. À família e amigos, as nossas sinceras condolências.

O editor do blogue, Leonel Brito

PROVISÃO ,por Carlos Sambade

Esta palavra indicia prudência, acautelamento com o amanhã que é já hoje. Aplica-se no dia a dia do indivíduo e de uma qualquer instituição. E dá-se o caso de se ver aplicada também no Bispado de Bragança e Miranda. Temos sobre a mesa dois desses textos, um de 1888 e outro de 1905. Ambos são da lavra de D. José Alves de Mariz. Vejamos agora o de 1905 e deixemos o de 1888 para uma próxima vez.
Em 1905 houve problemas envolvendo, em certa escala, jovens estudantes do Seminário Episcopal de S. José de Bragança que, alegadamente, se terão deixado enredar em “preconceitos de temores ou receios no apuro prudente das suas vocações para o estado ecclesiastico” de tal sorte que o “halito do espirito das trevas” os leva a virarem-se “contra os seus superiores”. E ninguém parece querer dar mostras de arrependimento, o que leva o Sr. Bispo a emanar o documento a que aqui se alude, dirigido ao clero, aos seminaristas e aos fiéis. Nele se procura a via do perdão. Há, porém, já em cima da mesa uma “sentença de expulsão de alumnos do Seminário”, o que terá levado a que em certa imprensa se acentuassem “infamantes referências” a actos episcopais que eram tema, por sua vez, de “nefandos comicios”.
Esta provisão sai pelo tempo quaresmal que é “de perdão e de clemencia, mas também é de penitência e de sincero arrependimento”.
De que modo pretende o Sr. Bispo de então que o pedido de desculpas, vamos dizer assim, se faça? Pois que seja feito individualmente, por escrito, em papel selado, dando-se nele, nomeadamente, a “justificação da innocencia” e o “protesto de arrependimento”, sendo a correspondência chegada tratada por “uma commissão”.
 Indicam-se ajustamentos no calendário lectivo a fim de evitar que os alunos do seminário que se venham a submeter a este procedimento vejam prejudicada a evolução dos seus estudos na referida instituição.
O Sr. Bispo aproveita o ensejo para agradecer os testemunhos a seu favor por parte de “quasi todos os dignos sacerdotes” da diocese perante os “tristes acontecimentos” e os “tristissimos desacatos”.

Esta Provisão é “Dada na Quinta da Cruz da Bemcanta (nossa residência temporária) sob o Nosso signal e sêllo das Nossas armas, aos 19 dias do mez de março de 1905 – Festa do Patriarcha S. José, padroeiro da Egreja Universal”.
Fotografia e texto de Carlos Sambade

Nordeste Transmontano - EFEMÉRIDES (28/11- actualização)

28.11.1675 – Notícia de um motim provocado pelos estudantes Portugueses na Universidade de Salamanca.
28.11.1845 – O dr. Jerónimo José Meireles Guerra apresenta à Rainha D. Maria II o seguinte requerimento:
- Diz Jerónimo José Meireles Guerra, natural da vila de Moncorvo que existindo nesta vila um antigo castelo, este foi despoticamente demolido e a sua pedra vendida a diferentes pessoas por cinco ignorantes indivíduos de que se compunha então a câmara da dita vila, de modo que presentemente, dum edifício tão respeitável, somente existe o terreno em que tinha sido edificado, mas está de tal modo coberto de montões de entulho, que servindo somente para tornar mais disforme aquela vila, não será fácil tirá-lo dali sem que se façam avultadas despesas; e porque o apontado terreno pertence à Nação e o suplicante o queira comprar, por isso pede a Vossa majestade haja por bem mandar proceder à sua louvação e arrematação, expedindo-se as ordens para isso ao governador civil de Bragança. E receberá mercê.
28.11.1879 – Fundação da corporação de Bombeiros Voluntários da Régua.

António Júlio Andrade

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RIO SABOR - Inverno















Rio Sabor - 04 Fevereiro 2012. Manhã fria, mas com pouca geada. Junto ao rio Sabor estava ainda mais frio (-11,0ºC marcou o carro).As fotos foram tiradas num troço do Sabor que fica a cerca de 4km para norte de Bragança. Nessa parte o rio corre a uma cota de 600m. Nos locais onde a água se encontrava represada, o rio estava gelado mas era gelo fino, tanto que não suportou o meu peso.Dan

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TORRE DE MONCORVO - EMIGRAÇÃO (1958)

Click na imagem para aumentar.
Moncorvenses em Moçambique.

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sexta-feira, 25 de novembro de 2016

CASTELO DE ANSIÃES, por Modesto Navarro


O NOTÁRIO DE ANSIÃES
 Texto literário sobre a Vila Amuralhada e o Castelo de Ansiães
Fico sempre preocupado perante esta questão do património. Lembro-me de estar horas e horas, a olhar as pedras do arco de D. Dínis e do que restava das muralhas, perto da chamada fonte romana, em VilaFlor, a minha bendita terra. Quando me cansava de não haver milagres de antanho a saírem de entre as pedras, entrava na rua, para lá do arco, e ficava a ouvir os longos discursos de um sapateiro anarquista. Falo disto para dizer que, perante a enormidade dos discursos oficiais sobre o património, na nossa infância e adolescência, acabava sempre a olhar para as pessoas e a tentar descobrir o que estava para lá da história oficial, dos reis magnânimos e cruéis, dos condes e dos grandes vencedores das batalhas e das lides mais internas das cortes. Conheci o castelo de Ansiães pela mão de um notário de Carrazeda de Ansiães. Torgueiro de raiz e de admiração incondicional por Miguel Torga, tinha sido delegado do Ministério Público em Vila Flor. Nessa altura, em 1968, saía da Pensão Campos e circulava pela avenida, depois de jantar, mas cedo se refugiava no quarto, a ler. Um dia, rebentou um escândalo literário em Lisboa, nas páginas do jornal A Capital, que tinha a ver com um homem daquela vila, regressado da guerra colonial. Urna estudante do Liceu de Bragança apresentara um original de contos dele a um concurso literário, ganhara o 1° prémio e o livro fora publicado com o seu nome...

MODESTO NAVARRO
Fonte: "ONDE NADA SE REPETE" - crónicas à volta do património. (excerto)

Município de Torre de Moncorvo prepara programa de Natal


Como é já habitual, na época natalícia a Câmara Municipal de Torre de Moncorvo prepara um programa de natal com várias atividades. 

Este ano uma das novidades é o “Natal de Luz”, conjunto de atividades que pretendem animar o centro histórico e comércio tradicional. Destaca-se a animação com brinquedos, “Natal de Luz pela Cidade” e “Museu do Brinquedo a Céu Aberto – vídeo mapping”. Outra das novidades, é um concerto de final de ano com a atuação dos Namari e da fadista Cuca Roseta.

Realizam-se também as tradicionais atividades como a iluminação de natal, recolha de bens e alimentos, Teatro de Natal, Natal do Idoso, Natal da Criança, Concerto de Natal e a exposição de presépios ao ar livre. Está também programada a apresentação de livros, exposições e percursos pedestres.


Câmara Municipal de Torre de Moncorvo, 24 de Novembro de 2016
Luciana Raimundo

Da Malcata ao Reboredo -“o pão com pão”


Senhor Marcos ,Inês,senhor Eduardo e Ondina.
(Algodres,2012)
-Bô! – exclamou o senhor Eduardo, surpreendido por não lhe adivinharmos o pensamento – E onde havia azeite prós temperar?!
Hoje, com mais de 80 anos, recorda os tempos em que ele e os cinco irmãos “caçavam” à mão coelhos nas fragas e os levavam para casa,na esperança de “o pão com pão”,a que se limitavam as  refeições da família, fosse substituido pela carne que nunca aparecia à sua mesa.”Podia faltar tudo.Pão, nunca!”,acrescenta com algum orgulho. 
Mas faltavam camas, que não havia dinheiro para esse “luxo”.Era no palheiro, em enxergas improvisadas ,que dormiam os seis irmãos. As duas irmãs  tinham mais sorte. Também ao rapaz mais novo, porque a vida melhorara ou porque os mais velhos ajudavam, coube a sorte de poder estudar.”Eu e os outros nunca demos com o número da porta da escola”,ironiza.
Menino-trabalhador, começou a servir os senhores da terra aos 12 anos.Emigrante como tantos outros” a salto” (“Juntámo-nos uns 60 com o mesmo passador”,informa),regressou  alguns anos depois com o dinheiro suficiente para comprar a propriedade onde,em criança,lhe era  proibido entrar.”Se me aproximava do portão,era corrido à pedrada” ,diz-nos com certa mágoa.Orgulhoso,mostra-nos os terrenos de que é dono e onde passa a maior parte do tempo,quando não está no Centro de Dia para as refeições(às vezes,coelho,pois claro!) na companhia da mulher e de outros idosos da aldeia.

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Algures a Nordeste - Património abandonado

Fotografia de José Rodrigues

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NORDESTE TRANSMONTANO - EFEMÉRIDES (25/11 - Actualização)

25.11.1385 – O rei D. João I confirma a carta que assinara na qualidade de regente ordenando a extinção do concelho de Fozcôa e sua anexação ao de Torre de Moncorvo.
25.11.1609 – Nesse dia, em viagem de Évora até Miranda do Douro, o padre Manuel Severim de Faria passou o rio Douro na barca do Pocinho. Porque tem interesse histórico, aqui deixo o relato dessa 16ª jornada:
- De Ranhados a Santo Amaro há três léguas, nas quais fica Freixo que chamam de Numão, por diferença de freixo de Espada à Cinta, o qual está situado ao longo da Teja, ribeira fresquíssima, e abundante principalmente de freixos dos quais tirou o nome. Há também nesta ribeira grande cópia de cerejeiras e de outras árvores de fruto. O lugar de Santo Amaro é de poucos vizinhos desce-se a ele por este caminho por uns outeiros mui íngremes, que de uma parte a outra se deixam cair a pique em profundos vales, e somente fica um caminho estreito pelos lombos deles por onde se passa.
De Santo Amaro à Barca do Douro há uma légua dos mesmos despenhadeiros até que se dá em um vale de campo chão e mui plano que com o húmus abundante que participa do Douro está todo coberto de arvoredos frutíferos, vinhas e olivais, juntamente se apresentam nele muita cópia de gados. Os olivais todavia são modernos porque de vinte anos a esta parte se começaram a plantar que até então se não beneficiavam tais árvores neste território, porém é o terreno tão cansável delas que em nenhuma parte se vêm mais viçosas e crescidas. No fim deste vale se chega ao Douro, o qual se passa aqui em uma barca por levar aqui a corrente mui alcantilada, como quasi sempre costuma. Esta barca é estanque da vila de Moncorvo e lhe rende duzentos mil réis.
Da barca a Moncorvo há uma légua de aspérrimo e trabalhoso caminho por cima de picos de montes mui estreitos e perigosos, de modo que em muitas partes é necessário ir a pé. Chama-se esta vila a Torre de Moncorvo, e dizem que a povoação tomou o nome do fundador da torre que dizem se chamava Mendo Corvo (…) A igreja é de obra nova trabalha-se de presente nela, e acabada será obra insigne…
25.11.1826 – As tropas Miguelistas do Conde de Amarante tomam a cidade de Bragança.
25.11.1896 – Nomeação de Abílio Lobão Soeiro como administrador do concelho de Mirandela onde reinava a anarquia “imposta pelos penicheiros”.
25.11.1925 – Correspondência do administrador do concelho para o delegado do procurador da república:
- Tenho a honra de participar a Vª Exª que Francisco António de Sousa Campos, casado, fiscal dos impostos de Moncorvo, fez desaparecer uns papéis eleitorais da assembleia eleitoral de Horta da Vilariça, na eleição que se realizou em 12 do corrente mês, propositadamente e cujos lhe haviam sido confiados pelo cidadão Afonso Marcolino Ferreira
25.11.1927 – Carta dirigida ao presidente da câmara municipal de Moncorvo:
- Os abaixo assinados António Francisco Nogueira Lda, proprietários da Fábrica de Tecidos de Seda sita à Rua da Alegria, 265, do Porto, vem solicitar a atenção de Vª Exª para o facto de lhes ter sido exigido o pagamento dum imposto ad valorem sobre o casulo de bicho da seda comprado nessa região, imposto cuja exigência representa uma injustiça, além de ser uma exorbitância a percentagem estabelecida.
É, decerto, do conhecimento de Vª Exª que a nossa casa, desde há muitos anos, vem fazendo, por todos os meios e com apreciável dispêndio, uma larga propaganda tendente ao desenvolvimento da sericicultura no nosso País, e mais particularmente nessa região, que foi, desde sempre, a que mais apta se mostrou para essa indústria, ou seja pelas condições especiais do clima, ou por uma tradicional tendência dos seus habitantes.
Para a realização do nosso desideratum que jamais teve o mais leve intuito comercial ou de interesse, entendemos sempre que a maneira prática de atingir o nosso fim, é animar as criadeiras, pagando o casulo a preço tão remunerador quanto possível, sem de modo algum nos valermos da circunstância de ser proibida a exportação - contra o que aliás sempre protestámos - e de ser a nossa a única que compra casulo do bicho da seda.
Não faz sentido que uma casa animada de tais sentimentos de tão patrióticos intuitos, visto que se trata duma indústria que bem pode ser uma importante fonte de riqueza nacional, tenha como prémio do seu esforço – que tem ido por vezes até ao sacrifício, pois não são pequenos os prejuízos que sofremos – o pagamento de um imposto que com toda a justiça deve ser abolido.
Mas há mais ainda: É que, tendo os signatários, em várias localidades, os seus agentes para a compra do casulo, facilmente se compreende que estes agentes compram o casulo que que lhes é oferecido, ou seja de povoações do próprio concelho, ou seja dos concelhos limítrofes.
Assim, acontece que o casulo comprado na Lousa este ano compreende casulo de 6 concelhos diversos: Vila Nova de Fozcôa, Meda, Pesqueira, Carrazeda de Ansiães, Vila Flor e Mogadouro, representando o casulo propriamente do concelho de Moncorvo, menos da oitava parte do casulo comprado na Lousa. Ora, ainda mesmo admitindo a legitimidade que os signatários contestam, da exigência do imposto ad-valorem sobre o casulo produzido no concelho de Moncorvo, o que não oferece a menor dúvida, é que esse imposto, de modo algum deve incidir sobre casulo que, embora saindo do concelho de Moncorvo, não foi aí produzido, pois veio de concelhos estranhos.
Pelas considerações que deixam expostas, os signatários solicitam a Vª Exª a abolição do injusto imposto ad-valorem sobre o casulo de bicho da seda, tendo em atenção que, se a nossa casa deixasse de comprar o casulo – e não há outra que o compre – perder-se-ia a indústria da sericicultura, que só pelo esforço e sacrifício os signatários vêm fazendo de longa data se não extinguiu já há muito, desaparecendo assim uma indústria que é ganha-pão da gente humilde desse concelho.
Tão justa é a pretensão dos signatários que esperam deferimento. Porto, 25 de Novembro de 1927. Ass. António Francisco Nogueira Lda
25.11.1956 – A vila de Alijó celebrou com pompa o centenário do gigantesco plátano (o maior do País – dizem) que ainda hoje existe junto à igreja matriz. Torcato Ribeiro fez na altura a seguinte poesia:

Árvore grande, sempre altaneira,
És em Portugal, de todas a primeira.
Fazes 100 anos! Vimos-te saudar.
Alijó, inteira, aqui vem passar.

Vieram os velhos, os jovens, as crianças.
Mil recordações, quimeras, esperanças!
Cresceste, ditosa, à sombra da cruz,
És um gigante, graças a Jesus.

Guardas, ciosa, ao lado, o Sacrário
Tens nas sementes, dispersas, as contas do rosário.
Tens por companhia nossa igrejinha
És por conquista, das árvores a Rainha.

Reinas em silêncio, sem fazeres barulho,
És dos Alijoenses, o maior orgulho.

António Júlio Andrade

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quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Amadeu Ferreira - O mirandês que enfrenta os seus males com buona cara

O mirandês que enfrenta os seus males com buona caraAmadeu Ferreira é vice-presidente da CMVM, professor de direito e, como escritor, um dos maiores divulgadores da língua mirandesa.
Até chegar a Lisboa para tirar o curso superior de Direito, Amadeu Ferreira quase não se exprimia em português: "Aprendi a falar corretamente já em adulto... Na escola primária era obrigatório falar português, mas eu não dizia grande coisa. Já no seminário, em Bragança, era muito troçado pelos outros miúdos, pela forma como trocava as vogais: quando eram abertas eu dizia fechadas e quando eram fechadas eu dizia abertas..." Em Sendim, vila de Miranda do Douro onde nasceu e passou a infância, toda a gente falava em mirandês, língua em que começou a aventurar-se na literatura.

Aos 64 anos, o jurista que é vice-presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) e professor na Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa é hoje um dos principais promotores da cultura mirandesa. Começou a escrever poemas, ditos populares e crónicas em mirandês ainda na adolescência, na imprensa regional em Trás-os-Montes. Assumiu pseudónimos como Francisco Niebro, com o qual escreveu Tempo de Fogo, em mirandês La Bouba de La Tenerie (A Tonta da Teneria, que é um lugar em Sendim), um romance sobre a temática histórica da Inquisição, que foi o primeiro a ser editado nas duas línguas oficiais de Portugal.

Fonte: http://www.dn.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=4279254